"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Espiritualidade

Esta é uma mensagem que encontrei ontem quando pesquisava na internet sobre a escrita da frase que seria o título da minha próxima publicação: " Refém de mim mesma".

Acho incrível como as coisas chegam até nós quando estamos conectados além da máquina.

Este texto descreve com muita propriedade o meu momento atual e faz a introdução para o próximo capítulo.


Espiritualidade 



Hoje  eu compreendo  que  o  Espírito  jamais  desejou  que  eu  ficasse aprisionado  nos  desejos  que  Ele  imputou  à carne , que  eu me tornasse  refém  de  mim mesmo.  O que  o  Espírito  deseja é  que  eu me  realize  como pessoa , que  eu me dedique  a levar uma vida “sem frescura”.  


O Espírito quer e  precisa  imensamente  que  eu  seja  livre para  curtir  os  prazeres  dessa  vida  passageira , consciente  de  que eles  são  passageiros , e  ainda  assim  grato  por  poder me  entregar a  eles.  Como  está  no  primeiro  capítulo do Tao Te King:


O caminho que pode ser seguido não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito não é o Nome eterno.
No princípio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.
Para que possamos observar seus segredos devemos permanecer sem desejos.
Mas se em nós mora o desejo, a única coisa que podemos contemplar é a sua forma externa. 
A casca que a essência oculta. Esses dois estados existem para sempre inseparáveis. 
Diferente unicamente em nome. Conjuntamente idênticos, unidos, integrados. 
São os chamados Mistérios! Mistério além dos mistérios. 
O Portal que conduz a tudo aquilo que é sutil e maravilhoso ao recôndito segredo de todas as essências.



A  vida na  terra  - o Espírito na carne –  é somente aprendizado , ensaio  e erro , SEMPRE voltados  para  o  crescimento , desenvolvimento  e  expansão do  Espírito.  Todo “desejo da matéria” que eu consigo transformar em “experiência  existencial” me  conduz  a  uma nova “fase” do meu crescimento espiritual.  Nesse sentido , meus “desejos” são apenas campainhas que o  Espírito  se vale para me acordar para novos desenvolvimentos  espirituais.

Espiritualidade  é  a  energização  da alma pela  força do  Espírito  , que resgata  a  transcendência da vida humana , sincronizando -a  novamente com  o  próprio  ritmo  de  pulsação  do  Universo.  Espiritualidade  diz  respeito  à vida que estou  vivendo  aqui  e  agora  e  a maneira  como  eu  me  relaciono  com  ela. 


Espiritualidade , como  a  maioria  entende , nunca  foi  espiritualidade coisa  nenhuma.  Trata - se  de  pieguice  vazia  e  sem  nexo,  troca  de interesses  com  a  divindade  reduzida  a  generoso  doador  de  recursos para  suprir  os  apertos.  


Espiritualidade  não  é  uma  fórmula  para  ser seguida , dia  após  dia , a vida  inteira , em  troca  de  que  posso  garantir  minha  cadeira  cativa  no Paraíso  ou  minha  elevação  a  níveis  superiores  na  hierarquia  cósmica.


Espiritualidade  é  permitir que  o  Espírito  atue  em mim  para  que  Ele possa atuar através  de mim ,  permitir que  o  Espírito me  transforme  para  que  eu  possa  participar da  transformação  do  mundo.
( Geraldo  Eustáquio).


Publico assim em seguida a continuação.


Até mais,


Grace Caroline.


 P.S.: A imagem eu encontrei na internet, se alguém souber a autoria peço que se possível me informe, e se houver algum problema eu a retirarei se for o caso. Desde já agradecida.

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Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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