"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

Seguidores

domingo, 29 de agosto de 2010

O Motivo

Olá!
Como muita gente deve estar se perguntando o que eu realmente estou buscando no CAPS, eu resolvi publicar esta nota.

Eu busco o encerramento do meu tratamento com medicamentos para depressão e dor crônica, e espero realmente me livrar dos remédios, pois a tal dor crônica(fibromialgia) é dura de enfrentar!!!

Mas se a depressão tem a ver ou não com meu traço autístico, o que eu posso dizer é que a IGNORÂNCIA dele(o traço autístico) em minha vida é que me impediram de resolver, entender e aceitar o meu jeito de ser.

Abraço fraterno!
Grace Caroline.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vejo luz no fim do túnel!!!

Olá!
Voltei ao CAPS na terça feira e conversando com a psicóloga resolvemos que o melhor seria eu passar pelo período de avaliação de 15 dias  frequentando o grupo de pacientes que é atendido lá. Quanto a consulta com a  médica psiquiatra, a explicação é que este é o "jeitão" dela.

Acabo de chegar da minha segunda participação no grupo de pacientes do CAPS.

Meu horário foi estabelecido das 8h as 11h.

O grupo é formado por pessoas com transtornos mentais que vão do mais grave e severo a depressivos crônicos, porém, vale ressaltar que este grupo é formado em sua maioria por pessoas que não tem muita condição financeira e cultural.

Temos um terapeuta ocupacional que nos orienta, dois enfermeiros que nos recebem e medicam quem faz uso de medicação naquele horário, e um professor de educação física com o qual fazemos exercícios de alongamento e caminhada.

Hoje, para minha surpresa, tive a oportunidade de conversar com a segunda psicóloga, e a conversa foi muito proveitosa. Ela me perguntou como eu me sentia no grupo, e eu lhe respondi que era constrangedor  então falamos sobre a questão de eu estar numa condição mental estável e que não seria o caso do restante do grupo, porém conversamos sobre os motivos que me levaram até lá, e finalmente consegui unir minha vida oculta com o traço autístico e minha depressão, falei sobre este blog, e ela me assegurou que acessaria o blog para conhecer. Espero que ela realmente chegue até aqui!

Em breve voltarei para continuar o relato sobre meu tratamento no CAPS(Centro de atendimento psicossocial de Cutitibanos SC).

Abraço fraterno!
Grace Caroline.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Elos refeitos, compromissos resgatados

Olá!

Hoje pela manhã eu compareci a consulta com a médica psiquiatra, consulta esta que foi solicitada pela psicóloga que me atendeu na primeira vez e ela é responsável pela triagem, como eu faço uso de medicação se fez necessária a avaliação da médica.

Uma coisa que me fez acreditar nesta consulta foi a afirmação feita pela psicóloga de que desta vez o tratamento iria dar certo, e que eu precisava cuidar de mim!!

A médica psiquiatra me perguntou qual era a minha queixa, eu disse que estava com um cansaço físico muito grande, desânimo, falei que na maioria do tempo eu estou prostrada em estado de profundo abatimento, e que sinto muita dor muscular. Ela me mandou contar um pouco sobre como eu fiquei assim, e qual medicação eu tomava.

Eu expliquei e ela respondeu que o tempo dela era curto, que ela não poderia trocar minha medicação antes de eu estar tomando mais de um ano, e disse que provavelmente eu tinha sido mal "triada"(entendi que era sobre a triagem que a psicóloga fez), e que provavelmente meu caso não seria para frequentar o CAPS, pois aqui nesta cidade este orgão atende somente pacientes com transtornos mentais severos, como eu já previa.

A funcionária responsável pela marcação da consulta, marcou o retorno com a psicóloga para amanhã(terça-feira) e com a psiquiatra para daqui a dois meses pois é assim que funciona.

Penso eu que a psicóloga por mais atenciosa e capaz que seja, não conseguirá me manter no programa, pois segundo a médica eu terei que freqüentar grupos com transtornos mentais que não tem haver com meu problema.

Vou amanhã falar com a psicóloga, pois ela foi muito atenciosa comigo, e eu preciso encerrar mais esta tentativa, que para mim não foi de toda perdida, meu marido estava junto e presenciou a frieza da consulta e o meu constrangimento, e isto serviu para nos aproximar muito, refazer alguns elos, resgatar alguns compromissos.

Continuamos aprendendo fazer limonadas ótimas com os limões que a vida nos dá!!!!Muito justa a providência divina!!!

Amanhã mesmo continuarei este relato, para contar o desfecho com a psicóloga.

Farei agora uma singela homenagem ao meu marido, o papai Anderson...


Nos braços de um anjo


"...Passar todo seu tempo esperando, por aquela segunda chance, por uma oportunidade que deixaria tudo bem...
Sempre há um motivo para não se sentir bem o suficiente.
E é difícil no fim do dia.
Eu preciso de alguma distração,
Oh! Belo descanso
A lembrança vaza das minha veias...
Deixe-me ficar vazia...
E sem peso...
e talvez eu encontrarei alguma paz esta noite.

Nos braços de um anjo..."




( Trechos de "Nos braços de um anjo", uma canção de Sara McLachlan).


Mensagem implícita com em sentimento explícito!!! Para você meu amor!!!


Abraço grande a todos os leitores deste blog que me acompanham e obrigada por todas as palavras de incentivo, pois sempre acabamos aqui nestes relatos tão importantes para mim, nesta troca bendita que faz prosseguir!!!


Que Deus abençoe a todos!!
Grace Caroline.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E quando a autismo se manifesta de forma mascarada?

Olá!

Ontem eu compareci ao CAPS(Centro de atendimento psicossocial) para passar pela triagem, conversar com a psicóloga que me encaminharia ou não para a  médica psiquiatra que atende no local.

Mais uma vez contei minha história e senti que minhas forças estão se esgotando, eu não tenho mais vontade de mexer com certas histórias, de certa forma tem uma parte de mim que está morta, na verdade eu me sinto meio morta, e a parte que sobrevive está cansada demais.

A consulta com a médica foi marcada. Vamos rever a medicação e agora definitivamente tratar as seqüelas.

Estou lendo o livro "Olhe nos meus  olhos" de John Robinson, leitura que estou adiando a muito tempo, pois quando eu comecei a ler um tempo atrás, eu me aborreci pois de imediato pensei: "Por que eu não nasci um pouco mais estereotipada?" pois assim hoje as pessoas reconheceriam em mim a síndrome. Sim, a necessidade de aceitação se faz imensa, pois a rejeição foi muito grande.

Eu sei que esta minha posição sobre ter mais traços autísticos para ser reconhecida já gerou muita polêmica, mas eu sei o que é viver com esta forma mascarada do autismo, é um inferno!

Desculpa o desabafo, mas o que me restou foi esta maneira de me expressar, por mais que eu tente racionalizar o processo, mais doloroso fica, eu tento seguir as regras da auto ajuda, valorizar minhas qualidades, etc, etc...mas o que me restou mesmo foi a fé em Deus, e que alguma coisa haverá de acontecer para me tirar desta "areia movediça" , pois quanto mais eu tento mais eu afundo!!

Até a próxima!
Grace Caroline.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Novamente em busca de tratamento médico para as seqüelas de mais de três décadas sem diagnóstico!! E um depoimento emocionante de uma leitora!!

Olá!


Ontem eu fui novamente consultar o médico do posto de saúde(SUS) para continuar meu tratamento para depressão e dor crônica que faço com um remédio chamado Sertralina, e faço uso também de anti-inflamatórios.


A surpresa que eu tive é que o médico não atendia mais e a médica que assumiu a vaga foi muito atenciosa, e me encaminhou para o Centro de atendimento psicossocial- CAPS, para que eu tenha acesso a tratamento específico para depressão crônica(endógena), que é a que eu tenho, este tipo de depressão é de origem genética, eu tenho outros casos na família e eu não consigo me livrar dela!!


A médica me orientou sobre o meu sono, pois eu passo o dia todo cansada e sonolenta e a noite não consigo dormir, estou dormindo pouco e isso piora tudo.


Bom, eu não falei para ela sobre a descoberta deste GIGANTESCO traço autístico que eu possuo, mas ela me disse que o terapeuta ocupacional do CAPS poderá me dar dicas de como lidar com a minha situação.


Ontem mesmo fui ao local para marcar minha triagem, confesso que depois das inúmeras tentativas o que me restou foi quase nenhuma expectativa, mas depois da minha leitura do livro "Sindromes Silenciosas" de Jonh J. Ratey e  Caterine Johnson da Ed. objetiva fica difícil não buscar tratamento médico, por mim mesma e pela minha família. 


Mas o que me impulsiona e ao mesmo tempo me causa desespero é o estado de praticamente "morta-viva" em que eu me encontro, é uma mistura de isolamento total, com exceção da internet, o contato que eu tenho com o mundo real é praticamente o que se faz necessário para a sobrevivência e os cuidados com meus filhos.


Estes dias eu recebi um email surpreendente de uma leitora, eu me identifiquei tanto com o relato que pedi sua autorização para publicá-lo aqui no blog, pois como foi bom para ela ler meus relatos, foi ótimo poder conhecer alguém com uma vivência tão parecida, não sei explicar o porque, mas dá uma sensação de alívio saber que não estou só nesta situação.


Eis o relato:



olá, grace, passei as últimas horas lendo seu blog e gostaria de agradecer por ele. me identifiquei com muitas, muitas coisas que você escreveu.

sempre me senti estranha, deslocada, sempre fui chamada maluquinha, mau caráter, desequilibrada e arrogante. tenho pensamentos suicidas desde os 5 anos de idade, sempre senti uma tristeza, angústia e isolamento profundo. tenho 30 anos, moro no rio de janeiro e estou no meu segundo tratamento psiquiátrico por causa da depressão. apesar de ter sido diagnosticada como depressiva sempre senti que meu problema era além, apesar de não ter idéia do que era essa outra coisa.

sexta-feira passada, por acaso, encontrei um artigo na internet sobre síndrome de asperger e me vi em todos os sintomas. foi como um luz caísse na  minha vida e tudo aquilo que eu não conseguia entender finalmente teve uma explicação. vim de uma família extremamente disfuncional, meu pai certamente tem traços autistas bem definidos, minha mãe e meus irmãos são claramente depressivos, apesar de só eu ir ao psiquiatra e considerada a "louca" da família.

atualmente, meu maior sacrifício é acordar todo dia e ir ao trabalho. sou redatora de uma agência publicitária, não me faltam criatividade nem habilidade com palavras. estou lá há três meses e já sonho com o dia da minha demissão. conviver 9 horas por dia com pessoas que não significam nada para mim é um tormento. sempre que posso, fujo na hora do almoço só para ficar sozinha. apesar da qualidade do meu trabalho ser impecável, já tive a atenção chamada pelo gerente da agência que disse que sou "antissocial e que minha atitude pode atrapalhar a coesão do grupo". por mim, sentaria, faria meu trabalho e iria para casa. interagir, fazer elogios e me inserir nas conversas "de elevador" daquelas pessoas é um sofrimento sem fim para mim.

nas situações da vida em que preciso ser simpática, eu sou. uso minha habilidade com palavras, sorrio e conquisto as pessoas. mas sinto que estou representando e volta e meia dá um curto-circuito e eu fecho a cara e vou embora. consegui construir algumas amizades, mas é esforço para encontrá-los em eventos sociais. converso pelo msn e pegar o telefone e ligar é um horror. aliás, tenho pavor de telefone, deixo sempre na secretária eletrônica para não precisar atender. celular para mim, só pra usar o sms.

claro que namoros também sempre foram um problema. percebo que tenho dois níveis de entendimento. o racional e o outro. racionalmente, entendo quando gostam de mim, que se interessam, mas não acredito. não consigo explicar isso, não entendem como posso sentir duas coisas tão diferentes ao mesmo tempo, mas sinto. nunca digo quando gosto de alguém, simplesmente acho desnecessário e não entendo como alguém pode ser ofender com isso. de maneira alguma me sinto indiferente, mas agora olhando para trás vejo que acham que sou assim.

descobri que não olho no olhos das pessoas. nunca tinha pensado nisso, quando li que este era um sintoma, comecei a lembrar que meus poucos ex namorados sempre diziam "olha no meu olho" e eu achava que era brincadeira ou frescura deles.

fiz psicoterapia a vida inteira, minha última foi com uma psicóloga freudiana que fiquei dos 19 aos 28 anos e ela nunca descobriu meu autismo. um dia me dei alta porque não aguentava mais ouvir que eu precisava me adaptar ao mundo, enfrentar a vida, deixar de ser arrogante, etc, etc. todas as "críticas" que ela me fazia, agora me parecem claramente sintomas do autismo.
hoje me sinto com um peso e um alívio enorme ao mesmo tempo. é como se eu sentisse uma dor extrema sem saber onde, até que fui num médico e ele dissesse que eu tenho um braço quebrado e posso usar um gesso para ser normal. nunca pensei que todas minhas "esquisitices" poderiam ser classificadas como uma síndrome, mas por outro lado sinto um medo enorme. sou autista e o que vou fazer da minha vida? será que vou continuar a vida inteira fingindo ser legal no trabalho, aturando tudo que odeio até me aposentar? será que algum dia vou conseguir mergulhar num relacionamento? será que vou conseguir aprender as regras sociais de convivência?

meu maior alívio é que não estou sozinha nisso e que agora posso aprender a corrigir "meus defeitos" ou pelo menos, compreende-los melhor."


Agradeço imensamente pela autorização para publicar este relato, a oportunidade de conhecer pessoas como
você fazem a vida valer a pena!!Que Deus te dê muita coragem e paz!!


Até a próxima!!
Grace Caroline.
P.S.: Preciso deixar aqui um recado para minha amiga, que já considero irmã, a Karla Coelho, leitora e colaboradora fiel deste blog, pois eu sei que ela se preocupa muito com autistas que fazem tratamento com medicação. A minha condição melhorou com os meus cuidados com a alimentação, mas segundo as orientações médicas eu não posso mais adiar o tratamento com medicação.
Beijo Karla!!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Humanos..."A definição do meu filho Frederico!!

Olá!

Vou compartilhar com vocês uma publicação do meu filho Frederico(que usa o codinome Kyriu), e escreve hoje em dia um blog sobre suas experiências de vida.
Eu disponibilizo um link para seu blog, ou melhor "Kyriu Blog" na barra lateral e ao final das minhas publicações.

Vcs terão a oportunidade de conhecer o universo de um adolescente de 15 anos que expressa sua vida através da escrita.


Dá para perceber nesta excelente descrição como nós Aspies e autistas nos sentimos em relação as outras pessoas, ele descreve com muita propriedade um sentimento que temos, afinal não é a toa que nos E.U.A. alguns profissionais chamam de Síndrome do "Ops, que planeta é este!!"

Abraço e até mais!
Grace Caroline
Blog do meu filho: http://kyriublog.blogspot.com/
Blog da minha filha: http://universodameninaautista.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Momentos especiais da minha vida!!

Olá!

Na última quinta feira as aulas na APAE foram canceladas por causa do frio, e o anúncio foi feito pela rádio local, mas como eu não escuto rádio, acordei as 7:30h, o horário de sempre, acordei a a Anna, cumprimos o nosso ritual matinal.

Resultado: o "ônibus azul" tão esperado não apareceu, e a Anna não queria voltar para seu quarto, e a temperatura estava abaixo de zero, e nós congelando sentadas a beira da janela esperando...

Quando já era 9h e nós ainda esperávamos eu resolvi filmar a Anna para ver se ela se conformava com a ausência do transporte, e olha só o resultado da nossa filmagem:



A história de quando te restar um limão faça uma limonada fez sentido neste dia, num frio insuportável, numa espera frustrada, nós conseguimos registrar este momento tão especial nas nossas vidas autísticas!!!rsrs Quem é autista ou convive com um sabe do que eu estou falando, a comunicação é sempre muito preciosa e rara!!

Abraços e até a próxima!!
Grace Caroline.
Blog da minha filha:http://universodameninaautista.blogspot.com/
Blog do meu filho:http://kyriublog.blogspot.com/

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nevou em Curitibanos!!!

Olá!!
Olha só a situação!!
Hoje as 14h estas fotos foram feitas da varanda da minha casa.
Neve!! Gelo puro!!
Photobucket

Photobucket

É muuuuito frio!!
Eu estou me sentindo dentro de uma geladeira!!Mesmo com fogo no fogão a lenha, não esquenta nada!
Este vídeo eu fiz para mostrar a neve para o Anderson, pois como ele é natural do Gama-DF, nunca viu neve, e hoje estava viajando a trabalho e não pode ver o gelo!!

Eu sinceramente não gosto nada desta "sensação térmica"!!rsrs

Até a próxima!!
Grace Caroline!

domingo, 1 de agosto de 2010

Aventuras de julho

Olá!

Na sexta feira do relato da APAE as aulas se encerraram, foram duas semanas de folga, a primeira nós ficamos em casa, a segunda e última semana nós passamos em Itapema visitando a Bisavó Myrthes(minha avó), a Vovó Beth(minha mãe) e a tia Karina(minha irmã).

O Frederico, meu amado filho, no último dia 10 completou 15 anos, no mesmo dia aniversaria também meu querido irmão Rubens que completou 18 anos, o nosso "maninho".

Bom, neste dia eu estava aqui em Curitibanos, eles haviam programado passar o dia no parque do Beto Carrero que fica a poucos quilômetros de Itapema, os aniversariantes com "passaporte free", "de graça" como eles dizem, então minha mãe levou o quarteto: Rubens e seu amigo, fiel escudeiro Gian Luca, e Frederico e seu TIO fiel escudeiro o Lucas(meu irmão) que completaria 16 anos no dia 28-07, olha só o registro da aventura:

Beto Carrero 2010
Na foto: Rubens Leonardo, Gianluca, Frederico, Lucas Guilherme.

Sim, o Frederico cortou seu longo cabelo, olha só:
Frederico 15 naos

É domingo, estamos de volta a Curitibanos, nos preparando para o retorno das aulas, e eu não posso deixar de comentar que o frio ainda é intenso, e hoje está terrível para aguentar, é bem difícil, o frio nos deixa mais propícios ao isolamento, sim pois a sensação é de estar dentro de uma geladeira.

Eu estou muito feliz por dividir com vocês momentos tão felizes que tenho passado com meus filhos, estou numa fase mãe 24h, e todo o resto parece não existir!!

Confiram a foto da Anna no seu passeio de férias em Itapema no seu blog:

http://universodameninaautista.blogspot.com/

Abração e até a próxima!!
Grace Caroline.
tidymae@hotmail.com

Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


Publicações do blog (arquivo):