"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vejo luz no fim do túnel!!!

Olá!
Voltei ao CAPS na terça feira e conversando com a psicóloga resolvemos que o melhor seria eu passar pelo período de avaliação de 15 dias  frequentando o grupo de pacientes que é atendido lá. Quanto a consulta com a  médica psiquiatra, a explicação é que este é o "jeitão" dela.

Acabo de chegar da minha segunda participação no grupo de pacientes do CAPS.

Meu horário foi estabelecido das 8h as 11h.

O grupo é formado por pessoas com transtornos mentais que vão do mais grave e severo a depressivos crônicos, porém, vale ressaltar que este grupo é formado em sua maioria por pessoas que não tem muita condição financeira e cultural.

Temos um terapeuta ocupacional que nos orienta, dois enfermeiros que nos recebem e medicam quem faz uso de medicação naquele horário, e um professor de educação física com o qual fazemos exercícios de alongamento e caminhada.

Hoje, para minha surpresa, tive a oportunidade de conversar com a segunda psicóloga, e a conversa foi muito proveitosa. Ela me perguntou como eu me sentia no grupo, e eu lhe respondi que era constrangedor  então falamos sobre a questão de eu estar numa condição mental estável e que não seria o caso do restante do grupo, porém conversamos sobre os motivos que me levaram até lá, e finalmente consegui unir minha vida oculta com o traço autístico e minha depressão, falei sobre este blog, e ela me assegurou que acessaria o blog para conhecer. Espero que ela realmente chegue até aqui!

Em breve voltarei para continuar o relato sobre meu tratamento no CAPS(Centro de atendimento psicossocial de Cutitibanos SC).

Abraço fraterno!
Grace Caroline.

7 comentários:

  1. Olá Amanda!
    Senti falta da sua presença por aqui!!
    Saber que vc confia em mim me encoraja!!
    Muito obrigada!

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  2. Não sei se esse grupo vai te fazer bem mas terapia individual eu acho válido pois todo mundo precisa, todo mundo tem problema né?! Você já faz uma terapia aqui pois a cada texto você vai se descobrindo e ajudando muitas pessoas. Você sabe que é capaz de se encontrar e de ser muito feliz. Aliás, você tem uma família linda ao seu lado o que torna tudo mais fácil. Não sei se frequenta alguma religião mas vaçe a pena ir toda semana seja no Centro, Igreja, Templo, etc.

    Beijokas!

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  3. Sim Karla querida, eu provavelmente não ficarei no grupo. Eu já publiquei que sou espiritualista cristã e faço parte da doutrina do Vale do Amanhecer. Bjos!!

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  4. hmmm tomara que dê certo o melhor pra vocÊ pois o que importa é sua felicidade e realização!!! Confia em Deus e em você que dá tudo certo!
    beijos da torcedora e amiga

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  5. ola,tb descobri que sou aspeger...a pouco tempo,tenho uma filha autista,estou meio perdida com a certeza de meu quadro,tb tenho um blog,aparece por la ,grande beijo meu blob:http://dayse177.blogspot.com/

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  6. oiii grace, tdo bem??
    humm adoreii o seu blog...
    muuito legal mesmo...me emocinei com a sua historia e sua luta pela vida...
    seus filhos sao muito lindos mesmos...
    vc vai ve q vc vai conseguir se trata e sair dessa, se dues quise....
    bju...
    ate amanha...
    hehehhehehehehe

    fika com deus...

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Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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