"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Perspectivas...

Olá!

Outro longo e tenebroso inverno se vai.

Ainda não consigo colocar todos os inexoráveis acontecimentos da minha vida em perspectivas...

Não sei dar aos fatos seus tamanhos reais.

Mas como diz o autor de "O caçador de pipas" Khaled Hosseini:

" Perspectivas são um luxo quando se tem um enxame de demônios zumbindo constantemente na cabeça."


Aos poucos vou exorcizando meus demônios e revisitando sensações de paz, e posso afirmar que meu tratamento psiquiátrico tem sido de grande ajuda.

Estamos avaliando a minha porção física que anda doente, em breve poderei dividir mais esta etapa.

Abraço fraterno.
Grace Caroline.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Exaustão íntima

Olá!

Muitas tentativas frustradas na busca do mínimo de equilíbrio, e a cabeça não para...

A mente não dá uma trégua, um momento de paz sequer...

"Em muitas ocasiões, elaboramos interpretações exageradas de suscetibilidade e caímos em impulsos estranhos e desequilibrados, que causam em nossa energia mental uma sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do cérebro. A exaustão íntima é profunda." 
(Hammed - Francisco do Espírito Santo Neto)
O cansaço físico e mental é realmente muito grande, um "diálogo mental", uma luta interna, um confronto sem fim se faz em mim.

Penso em parar tudo, mas sei que ainda tenho  que tentar.

Após todo meu esforço para seguir meu tratamento psiquiátrico, depois de todo o dever cumprido, me resta rezar e acreditar...

 Meu Deus, me dê a coragem 
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, 
todos vazios de Tua presença. 
Me dê a coragem de considerar esse vazio 
como uma plenitude. 
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, 
entrelaçada a Ti em êxtase. 
Faça com que eu possa falar 
com este vazio tremendo 
e receber como resposta 
o amor materno que nutre e embala. 
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, 
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. 
Faça com que a solidão não me destrua. 
Faça com que minha solidão me sirva de companhia. 
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. 
Faça com que eu saiba ficar com o nada 
e mesmo assim me sentir 
como se estivesse plena de tudo. 
Receba em teus braços 
o meu pecado de pensar. 
(Clarice Lispector)

Abraço fraterno.
Grace Caroline.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Amadurecer emocionalmente, antes tarde do que nunca!

Olá!
Tudo me invade, eu pensava e entendia  assim.
Agora estou aprendendo que eu me deixo invadir, ou melhor, eu me permito ser afetada, como explica o texto abaixo:
"Emoções são líquidas
Pode parecer engraçado dizer isso, mas, assim como os líquidos, as emoções assumem a forma do vaso que as contém, no caso, nós. Ninguém, ninguém mesmo, tem o poder de irritar você. O que acontece é que você se irrita – repito, você se irrita – por causa de outra pessoa. E isso acontece por dois motivos: porque a pessoa tem, de fato, elementos com potencial irritante; e porque você se permitiu ser afetado por esses elementos. Se houver apenas um desses dois motivos, não haverá irritação. É como a urtiga. Para irritar sua pele, você precisa tocar nela. Se você se mantiver afastado, não há perigo."

Trecho extraído da revista Vida Simples na coluna de Eugenio Mussak .

Me sinto a pessoa mais ignorante emocionalmente que eu conheço.
Sigo em frente, querendo muito amadurecer.
Deixando cada vez menos ser invadida, mantendo-me afastada.
Até a próxima!
Grace Caroline.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

AUTISMO É DOENÇA DE RICO ???!!

Olá!


Hoje ao acessar o  Blog da Raquel   me deparei com a seguinte denúncia:

"PÁDUA ARAÚJO - QUE HOMEM PEQUENO!! QUE FEIO É SER VOCÊ 
Raquel, aqui em Teresina (PI), um locutor meia boca da TV MEIO NORTE (Programa Patrulha), e-mail: meionorte@meionorte.com, acabou de dar a declaração ao vivo que AUTISTA É DOENÇA DE RICO QUE É PARA NÃO DIZER QUE É DOIDO. Por favor, divulgue o máximo que puder."
A indignação é imediata, e me faz repensar os motivos que me fizeram deixar de escrever aqui no blog.

De certa forma fui me contaminando com alguns pensamentos de que meu traço autístico seria mais um de meus "chiliques de menina mimada".

E consigo perceber agora que uma das causas da minha depressão é dar ouvido a estas infâmias, porcarias que se dizem dos transtornos mentais, especialmente do autismo, pois em alguns casos temos a "inteligência" preservada e o que se espera é que esta "inteligência" seja usada para controlar as crises.

Enfim, como diz o ditado: " A ignorância é que impede a evolução da humanidade."

Divulguem!

Abraço fraterno,
Grace Caroline.

domingo, 17 de abril de 2011

Nossa entrevista no jornal da cidade, para dia da conscientização mundial sobre autismo

Olá!

Fiquei muito feliz com a matéria sobre Autismo, feita pela repórter Tatiana Ramos do Jornal A Semana de Curitibanos.

Fui convidada a participar da reportagem em comemoração ao dia da conscientização mundial sobre autismo(02-04), o texto sobre minha filha Anna Elizabeth  está no link abaixo da imagem.

Veja a matéria completa clicando aqui.

Mais uma conquista!!!Abraço a todos!

Grace Caroline.

sábado, 26 de março de 2011

Como eu descobri...

Olá!


Estou a algum tempo querendo responder de forma específica para alguns leitores esta pergunta que freqüentemente aparece:


COMO EU DESCOBRI QUE SOU PORTADORA DE UMA SOMBRA MENTAL DO ESPECTRO AUTISTA?


Pois bem, além de eu ter me identificado com a minha filha quando diagnosticada Autista, eu também respondi vários questionários e fiz este teste on line, onde o resultado foi que eu tinha 98% de chance de ser "Aspie".


Eu retirei algumas perguntas do teste acima citado, nas quais todas as minhas respostas foram SIM.


Estas perguntas respondidas afirmativamente revelam também os "famosos" sintomas deste transtorno mental tão misterioso e indecifrável para alguns e tão claro para que convive com ele.


Estas são as perguntas:


Muitas vezes você se sente fora de sincronia com os outros?

O seu senso de humor é diferente da maioria ou é considerado estranho?


Você se esqueçe que você está em uma situação social quando alguma coisa lhe chama a atenção?


Você tem dificuldades em organizar o seu trabalho e/ou sua vida?


Você prefere usar a mesma roupa e/ou comer a mesma comida todos os dias?


Você se incomoda quando as pessoas visitam você sem convite?


Já fez alguma coisa apenas para descobrir depois que esta coisa não era desejada?


Você prefere fazer as coisas sozinho, mesmo que você disponha da ajuda ou experiência de outros?


Você é tão honesto e sincero que você assume todo mundo também é?


Você não tem uma boa distinção daquilo que é a coisa certa a fazer socialmente?


Você não aceita graciosamente críticas, correções e ordens?


Em conversas, você tem problemas com coisas como sincronia e da reciprocidade?


Você tende a ser impaciente e/ou impulsivo?


Você tende a interpretar as coisas literalmente e/ou responder a perguntas retóricas?


Você tem uma visão alternativa do que é atraente no sexo oposto?


Se houver uma interrupção, você não pode rapidamente voltar ao que estava fazendo antes?


Você tem problemas com o início e/ou a finalização de projetos?


Já lhe disseram que você tem uma postura ou modo de andar estranho?


Você acha difícil captar as intenções das pessoas?


É mais difícil para você manter amigos do que para outras pessoas?


Você já teve a sensação de jogar um jogo, fingindo ser como as pessoas à sua volta?


Você já foi intimidado, abusaram ou já tiraram proveito de você?


Você acha difícil descobrir como se comportar em diferentes situações?


Você espera que as outras pessoas conheçam seus pensamentos, experiências e opiniões, sem que você os tenha dito a elas?


Você tem tendência a dizer coisas que são consideradas socialmente inadequadas?


Você não é bom retornando cortesias sociais e gestos?


Você tem interesses imaturos?


Muitas vezes as pessoas entendem mal o que você queria dizer?


Você fica muito cansado após socializar, e depois necessita se regenerar ficando sozinho?


Você geralmente desconhece os limites e regras sociais a menos que lhe sejam claramente enunciados?


Você tende se a procrastinar?


Antes de fazer alguma coisa ou ir em algum lugar, você precisa ter em mente um planejamento ou cronograma (do que deve ser feito) de forma a que você possa se preparar mentalmente primeiro?


Você não gosta ou tem dificuldade em esportes de grupo (por exemplo, futebol) ou outras atividades de grupo?


Você tem algumas rotinas ou manias que você precisa seguir?


Você tem tendência a expressar seus sentimentos de formas que podem deixar os outros perplexos?


Você tende a 'travar' ou ter uma crise nervosa quando estressado ou sobrecarregado?


Confesso a todos que no momento ando bem cansada, aconteceram coisas comigo nos últimos tempos que literalmente me derrubaram.


Provavelmente comentarei uma por uma destas perguntas nas próximas publicações.


Abraço fraterno e até breve.


Grace Caroline.









Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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