"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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sábado, 26 de março de 2011

Como eu descobri...

Olá!


Estou a algum tempo querendo responder de forma específica para alguns leitores esta pergunta que freqüentemente aparece:


COMO EU DESCOBRI QUE SOU PORTADORA DE UMA SOMBRA MENTAL DO ESPECTRO AUTISTA?


Pois bem, além de eu ter me identificado com a minha filha quando diagnosticada Autista, eu também respondi vários questionários e fiz este teste on line, onde o resultado foi que eu tinha 98% de chance de ser "Aspie".


Eu retirei algumas perguntas do teste acima citado, nas quais todas as minhas respostas foram SIM.


Estas perguntas respondidas afirmativamente revelam também os "famosos" sintomas deste transtorno mental tão misterioso e indecifrável para alguns e tão claro para que convive com ele.


Estas são as perguntas:


Muitas vezes você se sente fora de sincronia com os outros?

O seu senso de humor é diferente da maioria ou é considerado estranho?


Você se esqueçe que você está em uma situação social quando alguma coisa lhe chama a atenção?


Você tem dificuldades em organizar o seu trabalho e/ou sua vida?


Você prefere usar a mesma roupa e/ou comer a mesma comida todos os dias?


Você se incomoda quando as pessoas visitam você sem convite?


Já fez alguma coisa apenas para descobrir depois que esta coisa não era desejada?


Você prefere fazer as coisas sozinho, mesmo que você disponha da ajuda ou experiência de outros?


Você é tão honesto e sincero que você assume todo mundo também é?


Você não tem uma boa distinção daquilo que é a coisa certa a fazer socialmente?


Você não aceita graciosamente críticas, correções e ordens?


Em conversas, você tem problemas com coisas como sincronia e da reciprocidade?


Você tende a ser impaciente e/ou impulsivo?


Você tende a interpretar as coisas literalmente e/ou responder a perguntas retóricas?


Você tem uma visão alternativa do que é atraente no sexo oposto?


Se houver uma interrupção, você não pode rapidamente voltar ao que estava fazendo antes?


Você tem problemas com o início e/ou a finalização de projetos?


Já lhe disseram que você tem uma postura ou modo de andar estranho?


Você acha difícil captar as intenções das pessoas?


É mais difícil para você manter amigos do que para outras pessoas?


Você já teve a sensação de jogar um jogo, fingindo ser como as pessoas à sua volta?


Você já foi intimidado, abusaram ou já tiraram proveito de você?


Você acha difícil descobrir como se comportar em diferentes situações?


Você espera que as outras pessoas conheçam seus pensamentos, experiências e opiniões, sem que você os tenha dito a elas?


Você tem tendência a dizer coisas que são consideradas socialmente inadequadas?


Você não é bom retornando cortesias sociais e gestos?


Você tem interesses imaturos?


Muitas vezes as pessoas entendem mal o que você queria dizer?


Você fica muito cansado após socializar, e depois necessita se regenerar ficando sozinho?


Você geralmente desconhece os limites e regras sociais a menos que lhe sejam claramente enunciados?


Você tende se a procrastinar?


Antes de fazer alguma coisa ou ir em algum lugar, você precisa ter em mente um planejamento ou cronograma (do que deve ser feito) de forma a que você possa se preparar mentalmente primeiro?


Você não gosta ou tem dificuldade em esportes de grupo (por exemplo, futebol) ou outras atividades de grupo?


Você tem algumas rotinas ou manias que você precisa seguir?


Você tem tendência a expressar seus sentimentos de formas que podem deixar os outros perplexos?


Você tende a 'travar' ou ter uma crise nervosa quando estressado ou sobrecarregado?


Confesso a todos que no momento ando bem cansada, aconteceram coisas comigo nos últimos tempos que literalmente me derrubaram.


Provavelmente comentarei uma por uma destas perguntas nas próximas publicações.


Abraço fraterno e até breve.


Grace Caroline.









4 comentários:

  1. cADE VC MINHA LINDA!!!!!!!!!!!!!!Se não estivesse tão longe teria ingressos para entrar no campo do Avaí no domingo, vamos faz um ato conscientização! Beijos!

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  2. Oi minha querida! Fiquei muito emocionada lendo estas questões! Conheço Laura o suficiente para saber que se ela pudesse ler responderia sim a todas elas. Adoraria que ela pudesse assim como tu, refletir, analisar, questionar suas dificuldades. Mas por outro lado, será que eu saberia ser ela autista? Será que eu a estaria ajudando? Será que eu a compreenderia? De repente esta é a forma escolhida por Deus para que eu pudesse ajudá-la e a ajudando, poder eu crescer como ser humano... bjs!bjs!bjs!

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  3. Oi,tudo bem?. Tenho 20 anos,quando criança passava no psicólogo por ter dificuldades na fala e ainda nao consegui concluir o colégio,por dificuldades,tanto com o relacionamento entre alunos/professores/funcionários,quanto comigo mesmo,pois tenho dificuldades em me relacionar,e era alvo de chacota,por ser diferente... Mas chegando na minha dúvida é... Estou querendo passar em algum especialista para me diagnosticar,pois ja sei,sinto que sofro deste... Pois pesquisando sobre,e respondendo alguns sites sobre o autismo,grande parte se encaixa com minha realidade,não penso em relacionamentos namorosos,tanto que nunca namorei. Nao tenho amigos,pois perdi muitos pelo meu jeito de ser... Nao queria ser assim,mas tbm no tenho culpa por nao.quererem ser realistas com meu jeito de viver..

    Agradeceria muito.se alguem me da uma ajuda.preciso muito da opiniao de alguem.. Obrigado e beijos.

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Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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