"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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sábado, 25 de dezembro de 2010

O nosso livre arbítrio.

Olá!

Descobri que:

"Sou livre quando amo o que faço.
Sou livre quando aceito que o mais importante é a minha consciência.
Sou livre quando sei que, na hora do fracasso é sempre tempo de começar outra vez.
Sou livre quando sou capaz de amar o instante da vida que eu tenho nas mãos."(Juan Arias)

Independente da normalidade dos pensamentos ou crenças, somos livres para sermos o que pensamos!

E por falar em liberdade, lembremos que hoje pode não ser um dia de festa para muitas pessoas, e que dia 31-01 pode não ser o último dia do ano.

Mas celebremos todos os dias o nosso livre arbítrio, a nossa tão sonhada liberdade, da qual muitas vezes não tomamos posse.

Boas festas para todos!!

Que a Força que rege todo o universo conspire a nosso favor!!!

Muita luz e coragem para todos!!!

Grace Caroline.

(Imagem: Drake Brodahl - Tree's A Crowd)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Refém de mim mesma.

Olá!

Ausente por algum tempo, volto a dividir com vocês minha trajetória neste planeta, sim eu acredito que esta vida é transitória, e sendo assim eu descreverei uma parte desta  viagem solitária que fiz neste período de tempo que me isolei e fiquei sem escrever.

Comecei tratamento psiquiátrico no CAPS- Centro de atenção psicossocial da minha cidade e lá participei do processo de triagem para isso frequentei o grupo de pacientes com comprometimentos graves durante 15 dias, e concluiu-se que não era necessária minha participação no grupo, foi recomendado tratamento para depressão crônica com medicação e psicoterapia.

Pois bem, a viagem para dentro de mim mesma foi inevitável, a tentativa de buscar o motivo que me fazia não querer viver mais foi  dolorosa. Sim, eu não queria mais viver, há muito tempo eu aprendi que não existe "eu não CONSIGO" existe sim "eu não QUERO".

Eu literalmente fiquei refém de mim mesma, a importância que eu dou para a opinião alheia é gigantesca, a necessidade de ser perfeita também, e esta ilusão me consumia aos poucos.

Vale salientar que eu busco acalmar minha mente, dominar meu ego, desde a primeira infância, sempre fracassando, hoje eu sei que o motivo do meu fracasso foi que esta busca transformou-se em obsessão, e este comportamento obsessivo tornou-se nesta doença que me consumia aos poucos.

O tratamento com a psicoterapia chegou no momento em que todas as minhas tentativas eram frustradas, todo o conhecimento e a experiência que eu havia conquistado eram inúteis, pois eu lutava contra mim mesma, contra minha essência, minha alma, minha individualidade, meu espírito, minha consciência.

Na minha última consulta com a médica psiquiatra ela disse novamente o óbvio, o que eu não conseguia assimilar, vivenciar: "Vou trocar sua medicação para mais uma tentativa, mas saiba que o tratamento depende muito de você." É claro que eu já sabia que eu tinha que me esforçar, mas quanto mais eu tentava, mais afundava, como se estivesse na areia movediça.

Acredito que a nova medicação me ajudou a controlar a auto obsessão, coincidência ou não sem a médica saber do meu traço autístico, pois somente trata a minha depressão, pela minha queixa ela me prescreveu concomitantemente com o antidepressivo uma medicação que atualmente foi aprovada para o tratamento sintomático de irritabilidade em crianças e adolescentes autistas e é usado também em desordens do espectro autístico e neste caso utilizam-se doses menores que as para esquizofrenia e outras formas de psicose.


Esta é uma medicação antipsicótica atípica, um medicamento neuroléptico então eu fui pesquisar para entender porque me foi prescrita, e descobri que:

"A psicose é um estado anormal de funcionamento psíquico. Mesmo não sabendo exatamente como são as patologias psiquiátricas, podemos imaginar algo semelhante ao compará-las com determinadas experiências pessoais. A tristeza e a alegria assemelham-se à depressão e a mania, a dificuldade de recordar ou de aprender estão relacionada à demência e ao retardo, o medo e a ansiedade perante situações corriqueiras têm relações com os transtornos fóbicos e de ansiedade. Da mesma forma outros transtornos psiquiátricos podem ser imaginados a partir de experiências pessoais. No caso da psicose não há comparações, nem mesmo um sonho por mais irreal que seja, não é semelhante à psicose."(fonte: Psicosite)


Uma das nuances da psicose é  o  embotamento afetivo, isolamento emocional e social, pobreza de discurso, e era exatamente o que estava acontecendo comigo, me desesperava a idéia de que tudo que acontecia ao meu redor era por minha causa mesmo vivendo praticamente isolada de tudo e de todos.

O que me incentivou a buscar meu transcendente, meu eu verdadeiro, minha individualidade, minha volta para a realidade, além do tratamento médico, foram os ensinamentos que eu recebi na doutrina espiritualista do Vale do Amanhecer, a qual eu sigo.

E digo sinceramente sem apologia às drogas medicamentosas, nem a religião, eu definitivamente não conseguiria sair desta situação se não fosse esta lição que eu aprendi no Vale do Amanhecer:
" A fé que nega a ciência , é tão inútil quanto a ciência que nega a fé."( Neiva C. Zelaya).

 Muito obrigada a todos que me acompanham, a presença de todos na minha vida faz muita diferença, vocês me ajudam a exercitar minha comunicação. Acreditem que todos fazem parte e são testemunhas da minha evolução!!

Abraço Fraterno!
Grace Caroline.

P.S.: A imagem eu encontrei na internet, se alguém souber a autoria peço que se possível me informe, e se houver algum problema eu a retirarei se for o caso. Desde já agradecida.

Espiritualidade

Esta é uma mensagem que encontrei ontem quando pesquisava na internet sobre a escrita da frase que seria o título da minha próxima publicação: " Refém de mim mesma".

Acho incrível como as coisas chegam até nós quando estamos conectados além da máquina.

Este texto descreve com muita propriedade o meu momento atual e faz a introdução para o próximo capítulo.


Espiritualidade 



Hoje  eu compreendo  que  o  Espírito  jamais  desejou  que  eu  ficasse aprisionado  nos  desejos  que  Ele  imputou  à carne , que  eu me tornasse  refém  de  mim mesmo.  O que  o  Espírito  deseja é  que  eu me  realize  como pessoa , que  eu me dedique  a levar uma vida “sem frescura”.  


O Espírito quer e  precisa  imensamente  que  eu  seja  livre para  curtir  os  prazeres  dessa  vida  passageira , consciente  de  que eles  são  passageiros , e  ainda  assim  grato  por  poder me  entregar a  eles.  Como  está  no  primeiro  capítulo do Tao Te King:


O caminho que pode ser seguido não é o Caminho Perfeito.
O nome que pode ser dito não é o Nome eterno.
No princípio está o que não tem nome.
O que tem nome é a Mãe de todas as coisas.
Para que possamos observar seus segredos devemos permanecer sem desejos.
Mas se em nós mora o desejo, a única coisa que podemos contemplar é a sua forma externa. 
A casca que a essência oculta. Esses dois estados existem para sempre inseparáveis. 
Diferente unicamente em nome. Conjuntamente idênticos, unidos, integrados. 
São os chamados Mistérios! Mistério além dos mistérios. 
O Portal que conduz a tudo aquilo que é sutil e maravilhoso ao recôndito segredo de todas as essências.



A  vida na  terra  - o Espírito na carne –  é somente aprendizado , ensaio  e erro , SEMPRE voltados  para  o  crescimento , desenvolvimento  e  expansão do  Espírito.  Todo “desejo da matéria” que eu consigo transformar em “experiência  existencial” me  conduz  a  uma nova “fase” do meu crescimento espiritual.  Nesse sentido , meus “desejos” são apenas campainhas que o  Espírito  se vale para me acordar para novos desenvolvimentos  espirituais.

Espiritualidade  é  a  energização  da alma pela  força do  Espírito  , que resgata  a  transcendência da vida humana , sincronizando -a  novamente com  o  próprio  ritmo  de  pulsação  do  Universo.  Espiritualidade  diz  respeito  à vida que estou  vivendo  aqui  e  agora  e  a maneira  como  eu  me  relaciono  com  ela. 


Espiritualidade , como  a  maioria  entende , nunca  foi  espiritualidade coisa  nenhuma.  Trata - se  de  pieguice  vazia  e  sem  nexo,  troca  de interesses  com  a  divindade  reduzida  a  generoso  doador  de  recursos para  suprir  os  apertos.  


Espiritualidade  não  é  uma  fórmula  para  ser seguida , dia  após  dia , a vida  inteira , em  troca  de  que  posso  garantir  minha  cadeira  cativa  no Paraíso  ou  minha  elevação  a  níveis  superiores  na  hierarquia  cósmica.


Espiritualidade  é  permitir que  o  Espírito  atue  em mim  para  que  Ele possa atuar através  de mim ,  permitir que  o  Espírito me  transforme  para  que  eu  possa  participar da  transformação  do  mundo.
( Geraldo  Eustáquio).


Publico assim em seguida a continuação.


Até mais,


Grace Caroline.


 P.S.: A imagem eu encontrei na internet, se alguém souber a autoria peço que se possível me informe, e se houver algum problema eu a retirarei se for o caso. Desde já agradecida.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia especial!!!

Olá!

Volto hoje, ainda com dificuldades para me expressar, porém com muita vontade de compartilhar com todos este dia 01-12-2010, dia que nossa filha Anna Elizabeth completou 5 anos!!!

Publiquei um vídeo (muito fofo!!) que fizemos hoje no blog da aniversariante:  http://universodameninaautista.blogspot.com/, cliquem neste link e confiram!!

Olha só que corujice!!


Beijão  para todos e espero que em breve estarei por aqui.

Grace Caroline.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

"A alma dos diferentes"

"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)


Olá!


Estive ausente e peço desculpas pois nem para me justificar eu existia.


O trecho acima de Arthur da Távola eu retirei do blog AUTISMO escrito pela Lu mãe da Laura uma bela menina autista!


A dificuldade em publicar aqui no blog veio após o início do processo terapêutico no CAPS, mas eu não sei dizer porque.


Estou escrevendo hoje para dividir com vocês a perda da minha avó Myrthes(1930-2010) que partiu no dia primeiro, deixando muita saudade!!






Ainda estou assimilando a perda, período difícil.


Abraço a todos e até breve!
Grace Caroline.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O "modo correto" nosso, "maneira inadequada" para muitos!

Olá!


O meu período de avaliação no Centro de atendimento psicossocial se encerrou e a resposta será dada daqui alguns dias na data agendada pela responsável pela triagem da qual eu participei.


Enquanto aguardo a resposta, dividirei com vocês alguma recentes descobertas.


No último fim de semana, feriado do dia da Independência, eu, Anna e o Anderson viajamos novamente para Itapema onde cumprimos compromissos espirituais no Templo do Amanhecer que ajudamos a coordenar e eu mais uma vez reencontrei meu filho Frederico.


E mais uma vez estive colocando a prova toda minha força e coragem, e cada vez que eu tento interagir no meio familiar mais eu sinto o quanto minha vida acontece num mundo paralelo,"marginal" como minha mãe gostava de repetir na minha adolescência, segundo ela eu tinha uma inabalável tendência por tudo que estava à margem do rigoroso e limitado mundo social do qual fazíamos parte, e diga-se de passagem ainda fazemos.


Hoje, lendo o blog de Nelson Santos: "Educação Especial: Um grito de mudança" onde o autor cita o novo livro do Prof. Nuno Lobo Antunes, que trata das Perturbações do Desenvolvimento Infantil o título é "Mal-entendidos - da Hiperactividade à Síndrome de Asperger, da Dislexia às Perturbações do sono. As respostas que procura." da Ed.Verso de Kapa. Fala da importância de percebermos, identificarmos e principalmente diagnosticarmos as nossas crianças que são portadoras de um comportamento considerado inxplicável, e como sabemos são também seres de difícil convivência, comumente incompreendidos, mal tratados e rejeitados.


O autor ainda escreve :"... é fundamental que os diagnósticos sejam precisos (ou o mais possível), que a intervenção seja o mais precoce e coerente possível e acima de tudo que exista uma grande interacção entre todos os meios/agentes envolvidos, para que não aconteçam perdas/danos para a criança."


Eu gostaria de dividir mais um "insight" que eu tive na minha leitura do livro "Olhe nos meus olhos" de John Elder Robinson, que no primeiro capítulo nos conta sobre como o "modo correto" que ele quando criança  achava que as pessoas deveriam saber, o impedia de se relacionar, pois para ele não existia outro modo de fazer as coisas senão a sua própria maneira.


Este "modo correto" é o que nós autistas e Aspies queremos que todos soubessem, quando nos comportamos de "maneira inadequada" para muitos!!


Talvez por esta simples definição é que John Elder Robinson tenha sido um dos autores Aspies mais lidos e queridos da atualidade, pois traduz nesta simples explicação o que nós autistas não conseguimos entender quando vivemos sem um diagnóstico, sem o mínimo de entendimento de nós mesmos!!!


O nosso "modo correto" nos faz marginais para a sociedade, e sofremos muito pois é somente a nossa verdade.


Abraço fraterno.
Grace Caroline.





domingo, 29 de agosto de 2010

O Motivo

Olá!
Como muita gente deve estar se perguntando o que eu realmente estou buscando no CAPS, eu resolvi publicar esta nota.

Eu busco o encerramento do meu tratamento com medicamentos para depressão e dor crônica, e espero realmente me livrar dos remédios, pois a tal dor crônica(fibromialgia) é dura de enfrentar!!!

Mas se a depressão tem a ver ou não com meu traço autístico, o que eu posso dizer é que a IGNORÂNCIA dele(o traço autístico) em minha vida é que me impediram de resolver, entender e aceitar o meu jeito de ser.

Abraço fraterno!
Grace Caroline.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vejo luz no fim do túnel!!!

Olá!
Voltei ao CAPS na terça feira e conversando com a psicóloga resolvemos que o melhor seria eu passar pelo período de avaliação de 15 dias  frequentando o grupo de pacientes que é atendido lá. Quanto a consulta com a  médica psiquiatra, a explicação é que este é o "jeitão" dela.

Acabo de chegar da minha segunda participação no grupo de pacientes do CAPS.

Meu horário foi estabelecido das 8h as 11h.

O grupo é formado por pessoas com transtornos mentais que vão do mais grave e severo a depressivos crônicos, porém, vale ressaltar que este grupo é formado em sua maioria por pessoas que não tem muita condição financeira e cultural.

Temos um terapeuta ocupacional que nos orienta, dois enfermeiros que nos recebem e medicam quem faz uso de medicação naquele horário, e um professor de educação física com o qual fazemos exercícios de alongamento e caminhada.

Hoje, para minha surpresa, tive a oportunidade de conversar com a segunda psicóloga, e a conversa foi muito proveitosa. Ela me perguntou como eu me sentia no grupo, e eu lhe respondi que era constrangedor  então falamos sobre a questão de eu estar numa condição mental estável e que não seria o caso do restante do grupo, porém conversamos sobre os motivos que me levaram até lá, e finalmente consegui unir minha vida oculta com o traço autístico e minha depressão, falei sobre este blog, e ela me assegurou que acessaria o blog para conhecer. Espero que ela realmente chegue até aqui!

Em breve voltarei para continuar o relato sobre meu tratamento no CAPS(Centro de atendimento psicossocial de Cutitibanos SC).

Abraço fraterno!
Grace Caroline.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Elos refeitos, compromissos resgatados

Olá!

Hoje pela manhã eu compareci a consulta com a médica psiquiatra, consulta esta que foi solicitada pela psicóloga que me atendeu na primeira vez e ela é responsável pela triagem, como eu faço uso de medicação se fez necessária a avaliação da médica.

Uma coisa que me fez acreditar nesta consulta foi a afirmação feita pela psicóloga de que desta vez o tratamento iria dar certo, e que eu precisava cuidar de mim!!

A médica psiquiatra me perguntou qual era a minha queixa, eu disse que estava com um cansaço físico muito grande, desânimo, falei que na maioria do tempo eu estou prostrada em estado de profundo abatimento, e que sinto muita dor muscular. Ela me mandou contar um pouco sobre como eu fiquei assim, e qual medicação eu tomava.

Eu expliquei e ela respondeu que o tempo dela era curto, que ela não poderia trocar minha medicação antes de eu estar tomando mais de um ano, e disse que provavelmente eu tinha sido mal "triada"(entendi que era sobre a triagem que a psicóloga fez), e que provavelmente meu caso não seria para frequentar o CAPS, pois aqui nesta cidade este orgão atende somente pacientes com transtornos mentais severos, como eu já previa.

A funcionária responsável pela marcação da consulta, marcou o retorno com a psicóloga para amanhã(terça-feira) e com a psiquiatra para daqui a dois meses pois é assim que funciona.

Penso eu que a psicóloga por mais atenciosa e capaz que seja, não conseguirá me manter no programa, pois segundo a médica eu terei que freqüentar grupos com transtornos mentais que não tem haver com meu problema.

Vou amanhã falar com a psicóloga, pois ela foi muito atenciosa comigo, e eu preciso encerrar mais esta tentativa, que para mim não foi de toda perdida, meu marido estava junto e presenciou a frieza da consulta e o meu constrangimento, e isto serviu para nos aproximar muito, refazer alguns elos, resgatar alguns compromissos.

Continuamos aprendendo fazer limonadas ótimas com os limões que a vida nos dá!!!!Muito justa a providência divina!!!

Amanhã mesmo continuarei este relato, para contar o desfecho com a psicóloga.

Farei agora uma singela homenagem ao meu marido, o papai Anderson...


Nos braços de um anjo


"...Passar todo seu tempo esperando, por aquela segunda chance, por uma oportunidade que deixaria tudo bem...
Sempre há um motivo para não se sentir bem o suficiente.
E é difícil no fim do dia.
Eu preciso de alguma distração,
Oh! Belo descanso
A lembrança vaza das minha veias...
Deixe-me ficar vazia...
E sem peso...
e talvez eu encontrarei alguma paz esta noite.

Nos braços de um anjo..."




( Trechos de "Nos braços de um anjo", uma canção de Sara McLachlan).


Mensagem implícita com em sentimento explícito!!! Para você meu amor!!!


Abraço grande a todos os leitores deste blog que me acompanham e obrigada por todas as palavras de incentivo, pois sempre acabamos aqui nestes relatos tão importantes para mim, nesta troca bendita que faz prosseguir!!!


Que Deus abençoe a todos!!
Grace Caroline.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E quando a autismo se manifesta de forma mascarada?

Olá!

Ontem eu compareci ao CAPS(Centro de atendimento psicossocial) para passar pela triagem, conversar com a psicóloga que me encaminharia ou não para a  médica psiquiatra que atende no local.

Mais uma vez contei minha história e senti que minhas forças estão se esgotando, eu não tenho mais vontade de mexer com certas histórias, de certa forma tem uma parte de mim que está morta, na verdade eu me sinto meio morta, e a parte que sobrevive está cansada demais.

A consulta com a médica foi marcada. Vamos rever a medicação e agora definitivamente tratar as seqüelas.

Estou lendo o livro "Olhe nos meus  olhos" de John Robinson, leitura que estou adiando a muito tempo, pois quando eu comecei a ler um tempo atrás, eu me aborreci pois de imediato pensei: "Por que eu não nasci um pouco mais estereotipada?" pois assim hoje as pessoas reconheceriam em mim a síndrome. Sim, a necessidade de aceitação se faz imensa, pois a rejeição foi muito grande.

Eu sei que esta minha posição sobre ter mais traços autísticos para ser reconhecida já gerou muita polêmica, mas eu sei o que é viver com esta forma mascarada do autismo, é um inferno!

Desculpa o desabafo, mas o que me restou foi esta maneira de me expressar, por mais que eu tente racionalizar o processo, mais doloroso fica, eu tento seguir as regras da auto ajuda, valorizar minhas qualidades, etc, etc...mas o que me restou mesmo foi a fé em Deus, e que alguma coisa haverá de acontecer para me tirar desta "areia movediça" , pois quanto mais eu tento mais eu afundo!!

Até a próxima!
Grace Caroline.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Novamente em busca de tratamento médico para as seqüelas de mais de três décadas sem diagnóstico!! E um depoimento emocionante de uma leitora!!

Olá!


Ontem eu fui novamente consultar o médico do posto de saúde(SUS) para continuar meu tratamento para depressão e dor crônica que faço com um remédio chamado Sertralina, e faço uso também de anti-inflamatórios.


A surpresa que eu tive é que o médico não atendia mais e a médica que assumiu a vaga foi muito atenciosa, e me encaminhou para o Centro de atendimento psicossocial- CAPS, para que eu tenha acesso a tratamento específico para depressão crônica(endógena), que é a que eu tenho, este tipo de depressão é de origem genética, eu tenho outros casos na família e eu não consigo me livrar dela!!


A médica me orientou sobre o meu sono, pois eu passo o dia todo cansada e sonolenta e a noite não consigo dormir, estou dormindo pouco e isso piora tudo.


Bom, eu não falei para ela sobre a descoberta deste GIGANTESCO traço autístico que eu possuo, mas ela me disse que o terapeuta ocupacional do CAPS poderá me dar dicas de como lidar com a minha situação.


Ontem mesmo fui ao local para marcar minha triagem, confesso que depois das inúmeras tentativas o que me restou foi quase nenhuma expectativa, mas depois da minha leitura do livro "Sindromes Silenciosas" de Jonh J. Ratey e  Caterine Johnson da Ed. objetiva fica difícil não buscar tratamento médico, por mim mesma e pela minha família. 


Mas o que me impulsiona e ao mesmo tempo me causa desespero é o estado de praticamente "morta-viva" em que eu me encontro, é uma mistura de isolamento total, com exceção da internet, o contato que eu tenho com o mundo real é praticamente o que se faz necessário para a sobrevivência e os cuidados com meus filhos.


Estes dias eu recebi um email surpreendente de uma leitora, eu me identifiquei tanto com o relato que pedi sua autorização para publicá-lo aqui no blog, pois como foi bom para ela ler meus relatos, foi ótimo poder conhecer alguém com uma vivência tão parecida, não sei explicar o porque, mas dá uma sensação de alívio saber que não estou só nesta situação.


Eis o relato:



olá, grace, passei as últimas horas lendo seu blog e gostaria de agradecer por ele. me identifiquei com muitas, muitas coisas que você escreveu.

sempre me senti estranha, deslocada, sempre fui chamada maluquinha, mau caráter, desequilibrada e arrogante. tenho pensamentos suicidas desde os 5 anos de idade, sempre senti uma tristeza, angústia e isolamento profundo. tenho 30 anos, moro no rio de janeiro e estou no meu segundo tratamento psiquiátrico por causa da depressão. apesar de ter sido diagnosticada como depressiva sempre senti que meu problema era além, apesar de não ter idéia do que era essa outra coisa.

sexta-feira passada, por acaso, encontrei um artigo na internet sobre síndrome de asperger e me vi em todos os sintomas. foi como um luz caísse na  minha vida e tudo aquilo que eu não conseguia entender finalmente teve uma explicação. vim de uma família extremamente disfuncional, meu pai certamente tem traços autistas bem definidos, minha mãe e meus irmãos são claramente depressivos, apesar de só eu ir ao psiquiatra e considerada a "louca" da família.

atualmente, meu maior sacrifício é acordar todo dia e ir ao trabalho. sou redatora de uma agência publicitária, não me faltam criatividade nem habilidade com palavras. estou lá há três meses e já sonho com o dia da minha demissão. conviver 9 horas por dia com pessoas que não significam nada para mim é um tormento. sempre que posso, fujo na hora do almoço só para ficar sozinha. apesar da qualidade do meu trabalho ser impecável, já tive a atenção chamada pelo gerente da agência que disse que sou "antissocial e que minha atitude pode atrapalhar a coesão do grupo". por mim, sentaria, faria meu trabalho e iria para casa. interagir, fazer elogios e me inserir nas conversas "de elevador" daquelas pessoas é um sofrimento sem fim para mim.

nas situações da vida em que preciso ser simpática, eu sou. uso minha habilidade com palavras, sorrio e conquisto as pessoas. mas sinto que estou representando e volta e meia dá um curto-circuito e eu fecho a cara e vou embora. consegui construir algumas amizades, mas é esforço para encontrá-los em eventos sociais. converso pelo msn e pegar o telefone e ligar é um horror. aliás, tenho pavor de telefone, deixo sempre na secretária eletrônica para não precisar atender. celular para mim, só pra usar o sms.

claro que namoros também sempre foram um problema. percebo que tenho dois níveis de entendimento. o racional e o outro. racionalmente, entendo quando gostam de mim, que se interessam, mas não acredito. não consigo explicar isso, não entendem como posso sentir duas coisas tão diferentes ao mesmo tempo, mas sinto. nunca digo quando gosto de alguém, simplesmente acho desnecessário e não entendo como alguém pode ser ofender com isso. de maneira alguma me sinto indiferente, mas agora olhando para trás vejo que acham que sou assim.

descobri que não olho no olhos das pessoas. nunca tinha pensado nisso, quando li que este era um sintoma, comecei a lembrar que meus poucos ex namorados sempre diziam "olha no meu olho" e eu achava que era brincadeira ou frescura deles.

fiz psicoterapia a vida inteira, minha última foi com uma psicóloga freudiana que fiquei dos 19 aos 28 anos e ela nunca descobriu meu autismo. um dia me dei alta porque não aguentava mais ouvir que eu precisava me adaptar ao mundo, enfrentar a vida, deixar de ser arrogante, etc, etc. todas as "críticas" que ela me fazia, agora me parecem claramente sintomas do autismo.
hoje me sinto com um peso e um alívio enorme ao mesmo tempo. é como se eu sentisse uma dor extrema sem saber onde, até que fui num médico e ele dissesse que eu tenho um braço quebrado e posso usar um gesso para ser normal. nunca pensei que todas minhas "esquisitices" poderiam ser classificadas como uma síndrome, mas por outro lado sinto um medo enorme. sou autista e o que vou fazer da minha vida? será que vou continuar a vida inteira fingindo ser legal no trabalho, aturando tudo que odeio até me aposentar? será que algum dia vou conseguir mergulhar num relacionamento? será que vou conseguir aprender as regras sociais de convivência?

meu maior alívio é que não estou sozinha nisso e que agora posso aprender a corrigir "meus defeitos" ou pelo menos, compreende-los melhor."


Agradeço imensamente pela autorização para publicar este relato, a oportunidade de conhecer pessoas como
você fazem a vida valer a pena!!Que Deus te dê muita coragem e paz!!


Até a próxima!!
Grace Caroline.
P.S.: Preciso deixar aqui um recado para minha amiga, que já considero irmã, a Karla Coelho, leitora e colaboradora fiel deste blog, pois eu sei que ela se preocupa muito com autistas que fazem tratamento com medicação. A minha condição melhorou com os meus cuidados com a alimentação, mas segundo as orientações médicas eu não posso mais adiar o tratamento com medicação.
Beijo Karla!!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Humanos..."A definição do meu filho Frederico!!

Olá!

Vou compartilhar com vocês uma publicação do meu filho Frederico(que usa o codinome Kyriu), e escreve hoje em dia um blog sobre suas experiências de vida.
Eu disponibilizo um link para seu blog, ou melhor "Kyriu Blog" na barra lateral e ao final das minhas publicações.

Vcs terão a oportunidade de conhecer o universo de um adolescente de 15 anos que expressa sua vida através da escrita.


Dá para perceber nesta excelente descrição como nós Aspies e autistas nos sentimos em relação as outras pessoas, ele descreve com muita propriedade um sentimento que temos, afinal não é a toa que nos E.U.A. alguns profissionais chamam de Síndrome do "Ops, que planeta é este!!"

Abraço e até mais!
Grace Caroline
Blog do meu filho: http://kyriublog.blogspot.com/
Blog da minha filha: http://universodameninaautista.blogspot.com/

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Momentos especiais da minha vida!!

Olá!

Na última quinta feira as aulas na APAE foram canceladas por causa do frio, e o anúncio foi feito pela rádio local, mas como eu não escuto rádio, acordei as 7:30h, o horário de sempre, acordei a a Anna, cumprimos o nosso ritual matinal.

Resultado: o "ônibus azul" tão esperado não apareceu, e a Anna não queria voltar para seu quarto, e a temperatura estava abaixo de zero, e nós congelando sentadas a beira da janela esperando...

Quando já era 9h e nós ainda esperávamos eu resolvi filmar a Anna para ver se ela se conformava com a ausência do transporte, e olha só o resultado da nossa filmagem:



A história de quando te restar um limão faça uma limonada fez sentido neste dia, num frio insuportável, numa espera frustrada, nós conseguimos registrar este momento tão especial nas nossas vidas autísticas!!!rsrs Quem é autista ou convive com um sabe do que eu estou falando, a comunicação é sempre muito preciosa e rara!!

Abraços e até a próxima!!
Grace Caroline.
Blog da minha filha:http://universodameninaautista.blogspot.com/
Blog do meu filho:http://kyriublog.blogspot.com/

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nevou em Curitibanos!!!

Olá!!
Olha só a situação!!
Hoje as 14h estas fotos foram feitas da varanda da minha casa.
Neve!! Gelo puro!!
Photobucket

Photobucket

É muuuuito frio!!
Eu estou me sentindo dentro de uma geladeira!!Mesmo com fogo no fogão a lenha, não esquenta nada!
Este vídeo eu fiz para mostrar a neve para o Anderson, pois como ele é natural do Gama-DF, nunca viu neve, e hoje estava viajando a trabalho e não pode ver o gelo!!

Eu sinceramente não gosto nada desta "sensação térmica"!!rsrs

Até a próxima!!
Grace Caroline!

domingo, 1 de agosto de 2010

Aventuras de julho

Olá!

Na sexta feira do relato da APAE as aulas se encerraram, foram duas semanas de folga, a primeira nós ficamos em casa, a segunda e última semana nós passamos em Itapema visitando a Bisavó Myrthes(minha avó), a Vovó Beth(minha mãe) e a tia Karina(minha irmã).

O Frederico, meu amado filho, no último dia 10 completou 15 anos, no mesmo dia aniversaria também meu querido irmão Rubens que completou 18 anos, o nosso "maninho".

Bom, neste dia eu estava aqui em Curitibanos, eles haviam programado passar o dia no parque do Beto Carrero que fica a poucos quilômetros de Itapema, os aniversariantes com "passaporte free", "de graça" como eles dizem, então minha mãe levou o quarteto: Rubens e seu amigo, fiel escudeiro Gian Luca, e Frederico e seu TIO fiel escudeiro o Lucas(meu irmão) que completaria 16 anos no dia 28-07, olha só o registro da aventura:

Beto Carrero 2010
Na foto: Rubens Leonardo, Gianluca, Frederico, Lucas Guilherme.

Sim, o Frederico cortou seu longo cabelo, olha só:
Frederico 15 naos

É domingo, estamos de volta a Curitibanos, nos preparando para o retorno das aulas, e eu não posso deixar de comentar que o frio ainda é intenso, e hoje está terrível para aguentar, é bem difícil, o frio nos deixa mais propícios ao isolamento, sim pois a sensação é de estar dentro de uma geladeira.

Eu estou muito feliz por dividir com vocês momentos tão felizes que tenho passado com meus filhos, estou numa fase mãe 24h, e todo o resto parece não existir!!

Confiram a foto da Anna no seu passeio de férias em Itapema no seu blog:

http://universodameninaautista.blogspot.com/

Abração e até a próxima!!
Grace Caroline.
tidymae@hotmail.com

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Meu relato na APAE!

Olá!

Sexta feira dia 16 de julho de 2010, foi um dia especial!

Cumpri um dos compromissos mais importante da minha vida, os dias que antecederam a minha participação na reunião de encerramento do semestre na APAE de Curitibanos foram de muita ansiedade, insônia e agonia, fiz roteiro, planejei fala por fala sem alívio, passei e repassei bilhões de vezes o discurso mentalmente, pensei em desistir, e quando chegou o dia eu fui!

Não cumpri nenhum roteiro planejado, não segui nenhuma lista incansavelmente repassada, mas pelo menos não desisti!!

Sim, não desisti!! Esta foi a maior vitória.

Comecei o relato tão tensa que nem ouvia minha própria voz, uma sala pequena, com umas 50 professoras e técnicas, a maioria eu nunca tinha visto uma vez sequer na minha vida, mas o ambiente era simpático, então lá estava eu: em pé, com um papelzinho, uma "colinha" do discurso mil vezes planejado na mão, este papelzinho somente serviu de apoio para eu me agarrar, pois nem lembrei de consutá-lo.

Como a palestra que viria depois da minha era sobre "bulling", e eu tinha sido solicitada para falar sobre alguma forma de discriminação que eu tivesse sofrido, eu segui esta linha e contei todas as partes tristes e difíceis da minha infância e adolescência, e como isso não fazia parte da minha lista de coisas para falar eu fiquei um pouco confusa.

Ao final uma professora que já conhecia o meu blog sugeriu que eu falasse o que eu queria ter falado no começo, que a minha descoberta do autismo na minha vida tinha vindo com o diagnóstico da minha filha, isso foi bom, a professora ter sugerido foi bom, mas na hora me veio todo o discurso que eu havia preparado e não cumpri. Lá se foi o equilíbrio e a paz.

Fiquei para assistir a pelestra seguinte e assim me acalmei, ainda participei de uma dinâmica de grupo sobre "Aprendermos elogiar as pessoas que nos cercam", foi bem legal pois deu para aprender e conhecer um pouco mais daquelas pessoas para as quais eu havia contado os segredos mais profundos da minha alma.

Fui embora me despedindo de algumas pessoas e recebendo abraços fraternos e generosos que me encorajaram ainda mais a enfrentar o "turbilhão" de idéias confusas que já estava se formando na minha cabeça.

Meu marido, mais uma vez estava viajando, minha irmã e fiel escudeira que se transformou na única pessoa que me escuta nos últimos tempos, também estava viajando, resultado:
Ficamos eu e o anjo adorado da minha filha no nosso silêncio mais profundo e carinhoso das nossas vidas, uma cuidando da outra, num dos momentos mais sublimes: Eu e ela no nosso mundo, adquirindo forças e renovando a alma para enfrentarmos os momentos que virão.

Para minha surpresa quando eu acessei o blog hoje, haviam alguns comentários e através destes, um era da Prof. Karine, através do qual eu encontrei blogs muito especiais que eu sugiro que vocês confiram, o primeiro é o blog "Aprendendo a aprender" onde estão registradas as atividades da APAE, o segundo é o "Special Games" também de autoria das profs. e por último eu inclui o blog do Centro de Educação Infantil "Norma Berneck" escola municipal que a Anna frequenta no período vespertino, onde também conferimos as atividades dos alunos.

Os endereços estão abaixo das respectivas fotos, como eu não sei fazer "links" vocês terão que copiar os endereços e colar no navegador, desculpem a nossa falha!!rsrs


Photobucket

http://amigosterraavista.blogspot.com/

Photobucket

http://specialgamess.blogspot.com/

Photobucket

http://ceinormaberneck.blogspot.com/

O meu mais sincero muito obrigada a todas as pessoas que participaram da palestra, especialmente ao grupo de profs. que organizaram a reunião, e um abraço carinhoso e fraterno a todos os leitores deste blog, a presença de todos na minha vida é a maior riqueza para minha evolução!!

Que Deus abençoe a todos!!!

Grace Caroline.
tidymae@hotmail.com

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Um convite especial!

Olá!

Hoje estou publicando fotos(AQUI E NO BLOG DA ANNA) da geada, do gelo que tem feito aqui, a vista é do nosso jardim!!
Esta foto foi feita pelo Anderson as 7h da manhã, foi a primeira vez que ele viu uma geada!!
geada 2010

Ando particularmente ansiosa nestes dias gelados, pois fui convidada para participar de uma reunião na APAE para fazer meu relato aos técnicos e professores, o convite surgiu através do blog, e pelo interesse dos profissionais em ter contato com uma pessoa que possa falar sobre o transtorno do espectro autista, sob o prisma do portador da síndrome.

A reunião será amanhã dia 16-07, em breve contarei como foi.

Abraço!
Grace Caroline.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Segure firme mãe!!!" disse a Anna Elizabeth...

Olá!

Hoje eu fiz um relato no blog da Anna sobre alguns progressos na nossa comunicação verbal, e gostaria de dividir com vocês mais este momento especial na minha vida!!

O link para o blog dela está na barra lateral!!

Esperamos sua presença no "Universo da minha filha".

Abraço fraterno!
Grace Caroline

tidymae@hotmail.com

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Meus primeiros trabalhos de costura!

Primeiras bolsas
Olá!

Hoje estou publicando a imagem dos meus primeiros trabalhos de costura.

O que eu fiz foi com a ajuda de minha irmã e dicas e "passo a passo" que encontrei na internet, por isto deixarei aqui alguns links para creditar e dar a autoria das peças.

http://u-handbag.typepad.com


http://www.craftster.org/forum/index.php?board=11.4880

http://valenpatch.blogspot.com/
Abraço a todos!!
Grace Caroline.

tidymae@hotmail.com

domingo, 27 de junho de 2010

Insight II: zona de conforto e o transtorno invasivo, o duelo!!

Olá!
“Para nadar no oceano preciso, antes de tudo, ultrapassar a zona de arrebentação.

Situações tensas, pensamentos negativos, relacionamentos competitivos, vêm para reduzir minha força e coragem.

Mas com bravura sou capaz de vencer a zona de conflito e, lá no fundo do oceano, encontro, uma a uma, as pérolas preciosas:

As virtudes que me tornam singular.”
(Desconhecido)

Mais uma descoberta, mais um aprendizado.

Dentro do universo autista vivemos o eterno conflito, seguir rotina, muitas vezes sugerida como tratamento, como recurso de aprimorar e estimular a interação do portador da síndrome, pois este é o objetivo do tratamento.

Se algum profissional que acompanha o blog puder me dar uma luz, eu agradeceria imensamente.

Nos 37 anos que eu vivi na ignorância da minha condição, eu enfrentei violentamente a minha "zona de conforto", e o que sobrou da minha pessoa foram pedaços, estilhaços, retalhos, peças desconectadas, ficou foi uma "zona de conflito" que eu sei que por mais contraditório que seja é a minha zona de conforto.

Enfim exaustivamente tento encaixar as peças que formam a minha mente, meu pensamento.

Independente Carente

Nos versos de meus poemas encontro conforto,
O alento para minha alma solitária.
Independente, mas carente de outros,
Forte, mas frágil aos acontecimentos.

Sorte a minha ser assim,
Azar dos outros não me entenderem.
Essa solidão dolorosa, mas necessária,
Esse amor desejado, mas ausente.

Não cabe a mim escolher,
Ou minha inércia o deixou a cabo do destino,
Pois não sou mais o mesmo,
Não vivo como vivia antes,
Não sinto mais o que sentia antes.

O passado ainda me assombra,
O presente me traz pesadelos
E o futuro ainda me engana.
Meu o eu pede socorro
E sou eu o único que pode ouvi-lo
Mas não sei o que posso fazer para ajudá-lo.

Nem eu mesmo me entendo mais.
Olho no espelho e não sei quem está no reflexo,
Se eu, ou mais um personagem criado de mim mesmo.
Onde o meu eu verdadeiro se perdeu?
Quando eu deixei de acreditar?

O tempo não me ensina mais,
Pois eu deixei o lugar de aluno e me assentei ao seu lado.
Não é tão mágico como eu pensei que seria
É solitário ser diferente, mas ser igual é pouco pra mim.

Escolhi entender, mas não sou entendido.
Vi o que tanto desejava e descobri o que eu queria
E agora não posso voltar atrás.
Sou homem sim!
Sou humano como os outros!
Mas sou diferente!
Por que diferente dos outros:
Eu SEI!
(Bruno Souza)

Texto extraído do site Pensador.

Abraço fraterno.
Grace Caroline.
tidymae@hotmail.com

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Justificando....

Depois que eu publiquei o último relato, imaginei que surgiria alguma polêmica a respeito do meu comentário sobre a falta de expressão verbal da minha filha.

Entendo e respeito que algumas pessoas não concordem, mas por mais contraditório que seja eu tenho uma comunicação muito boa com a minha filha e estimulo e traduzo a comunicação com ela, e me preocupo muito em interagirmos, o método "son rise" é usado e temos muitos resultados positivos.

Mas não posso esconder que vejo que ela se complica muito menos por falar pouco, pois quando a nossa ansiedade é muito alta e falamos compulsivamente, isso é bem complicado.

Muito obrigada pela opinião de todos!!

Estou me justificando pois achei que devia um esclarecimento, mas não estou aborrecida, adoro todo o contato que eu tenho através deste blog!!

Confiram no blog da Anna o registro da festa junina, ela está linda!!

Beijão!!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Insight I

Photobucket
Olá!

Desde que descobri ter comportamento autístico, e isto faz um ano apenas, que fique bem claro, eu a cada dia renasço mais inteira, o “quebra cabeça” vai se organizando, hoje entendo perfeitamente porque a imagem que representa o autismo é este jogo intrigante e ao mesmo tempo tão óbvio.

O autismo é óbvio, ou melhor dizendo o nosso entendimento é óbvio, direto, claro, sem subterfúgios.

Somos fiéis até sermos traídos, somos gentis até sermos hostilizados, somos amorosos quando somos amados, enfim vivemos num mundo considerado por muitos como o ideal, um mundo justo sem mentiras, tramas, trapaças, enganações e as temidas “segundas intenções”, podemos ser confundidos com “boas pessoas”, mas como o mal não existe, é simplesmente a ausência do bem, e o conhecimento de que tudo é bom nos liberta do mal, obviamente que a nossa resposta ao tratamento hostil será tão dura quanto a de quem nos foi hostil.

Vivemos a lei da ação e reação ao pé da letra, mas havemos de não confundí-la com a lei de Talião, a do “olho por olho”, a do aqui se faz aqui se paga, simplesmente reagimos de acordo com o meio, simples assim.

E neste caso aí somos considerados egoístas, frios, egocêntricos, e realmente incomodamos.

A autista diz tudo o que pensa, mas nem tudo que sente.

Traduzimos muito bem o que é do pensamento concreto, mas o que é efêmero, fugaz, abstrato simplesmente não é passado para a condição verbal e isso não quer dizer que sentimentos não existam para nós.

Pois assim são meus pensamentos a cada segundo da minha existência, oscilando entre o que é concreto e o que não é, pensamentos se repetem sem alívio na minha cabeça, peço muitas vezes para que Deus acabe com isso.

Vejo na minha filha autista os mesmos sentimentos, porém ela tem o que para mim seria o BEM mais precioso: a ausência da fala, do verbo.

Falar o que se pensa sem conseguir filtrar através do bom senso é extremamente cansativo, eu concluo e revejo minhas conclusões infinitamente, e quase sempre acabo de alguma forma verbalizando este processo, e isto me impede literalmente de interagir socialmente, eu vivo como se fosse um dia que se repete eternamente.

Alguns anos atrás um amigo muito querido e estimado tentando me ajudar me disse que o livro da minha vida era enorme mas que no entanto eu havia escrito pouquíssimas páginas, e que para piorar eu as lia incansavelmente, ele me pedia para que eu começasse a escrever as páginas seguintes, que isso seria bom.

Passei muitos anos tentando escrever esta nova página, tentando vislumbrar este futuro, este simples “amanhã” ou o “outro dia”, mas para mim é muito difícil, para não dizer impossível, é abstrato demais.

O passado para mim é o que existe, é o que eu posso ver, sentir, vivenciar.

O futuro? Eu não sei o que é, então não existe.

E como viver assim???

Simplesmente repito sempre a mesma coisa, repito o que já foi, pois é o que eu sei como é.

Ontem eu e a Anna estávamos mais uma vez sozinhas, o papai Anderson viajou a trabalho novamente, então como era domingo e dia de jogo do Brasil na copa do mundo e sem querer ofender aos amantes do esporte, eu não dou muita importância para este campeonato, eu pedi para minha irmã para irmos para a sua casa, mas eu não imaginei a possibilidade de ter mais gente lá, e dito e feito: a casa se encheu de gente e eu me vi encurralada, tentei dar um suporte para minha filha que se apavorou com a movimentação e ao mesmo tempo me refugiar nesta posição de “mãe que tem que cuidar da filha”, mas logo fui solicitada para me juntar ao grupo.

Enfim, havia no grupo uma pessoa que me inspirava confiança, mas no entanto era a primeira vez que eu conversava com esta pessoa, e normalmente “pessoas boas” geram para mim uma falsa intimidade e uma sinceridade exagerada e então e eu me senti a vontade para conversar, e acabei falando coisas que eu sempre falo e me arrependo quando o assunto é filhos e família, eu repeti uma coisa que eu sempre digo e depois me arrependo:

Eu sempre digo que não tenho instinto maternal, mas isto não procede, então porque eu falo??

Porque eu quero dizer que não tenho habilidade com crianças de zero a seis anos, eu quero simplesmente dizer que a dependência da criança com as necessidades essenciais me incomoda.
Acabo sempre fazendo um discurso e uma crítica, que nem eu agüento mais ouvir, sobre as etapas de desenvolvimento infantil, eu sempre digo a mesma coisa: que a fase “larval” humana é muito longa e que passamos muito tempo na condição de mãe, e eu encerro este desastroso discurso sempre com a mesma frase: Eu não tenho nenhum instinto maternal!

Isto choca e agride as pessoas, pois a figura materna é sagrada e eu venho e praticamente resumo a nossa longa infância como um defeito.

Ter um filho Aspie e uma filha autista me exclui de passar com meus filhos pela situação normal de ser muito solicitada em algumas situações que talvez outras crianças solicitem, somos mais independentes no que diz respeito a solidão, ao estar só, nós autistas lidamos bem com o estar só dentro do nosso mundo, mas não no mundo coletivo.

Eu sei que depois deste insight não farei mais este discurso puramente biológico sobre as fases do crescimento em público, percebi claramente que com este dicurso eu passo a impressão de ser fria ou ignorante e sempre que eu percebo o mecanismo que me faz ter estes comportamentos indesejados eu automaticamente paro de tê-los, as vezes levo anos para detectá-los.

Pronto! Alterei meu futuro. Mais uma libertação!!

Mais um "insight", uma clara compreensão de uma questão, que geralmente chega de forma repentina, e me liberta.

Uma pessoa pode me explicar mil vezes este mesmo problema, mas enquanto eu não tenho este "insight" eu não vivencio este aprendizado, afinal o saber é fácil o difícil é ter sapiência!!

Passei um tempão sem escrever e acho que hoje me alonguei muito, mas são nestes raros momentos que faço contato com o mundo real então me empolgo.

Abraço e até a próxima!!

sábado, 12 de junho de 2010

Longo e tenebroso inverno...

Olá!

É muito intenso o frio que está fazendo por estas terras Curitibanenses!!
Estive ausente mais uma vez pois a cabeça não está colaborando muito nos últimos dias.

Visitei meu filho no último fim de semana, e foi ótimo!!!
Olhem só como ele está lindo!

fred auto retrato (2) 2010

Fred auto retrato 2010

Bom, para me refazer depois de uma viagem de fim de semana eu levo alguns dias, e confesso que ando sem paciência para comigo mesma, uma vez eu assisti uma palestra onde um psicólogo falou sobre "mimar a nós mesmos", as vezes eu até acho que faço isso, mas quando eu me cobro demais também fica difícil, é que eu não tenho meio termo, não consegui ainda encontrar meu equilíbrio, o famoso e desejado "caminho do meio" que almejam os budistas.

A sensação de não conhecer os próprios limites é de certa forma paralisante, as vezes parece que estou acorrentada e com um peso bem grande amarrado aos meus pés, não vou para lugar algum.

O curso de costura foi adiado, como é numa escola pública e tiveram problema na licitação para contratação dos professores fomos orientados para aguardar, provavelmente as aulas serão depois do mês de agosto.

Eu ganhei uma máquina de costura antiga da minha vó, funciona super bem, então estou aprendendo com "web dicas", tem muita publicação na net que ajuda muito.

Em breve publicarei algumas fotos com minha produções!!rsrs

Beijão e fiquem com Deus!

Grace Caroline!

domingo, 30 de maio de 2010

Pensar e fazer

Olá!

Antes de mais nada peço desculpas pela ausência.

O tratamento com a medicação para depressão, está me fazendo bem, me sinto cada dia mais tranquila.

Porém não posso omitir a minha falta de habilidade para lidar comigo mesma.

É um sentimento indescritível.

Estou com uma necessidade incrível de obter minha realização profissional e financeira, como eu já havia comentado vivemos com o orçamento limitadíssimo e não conseguir trabalhar fora de casa me incomoda profundamente.

Tenho nível de escolaridade superior, sou considerada uma pessoa bem "articulada" e educada, mas sabemos que isso não é ítem para currículo profissional.

A minha incapacidade de me gerenciar emocionalmente me impede de querer estar mais uma vez interagindo socialmente, para mim é inconcebível ter reações infantis em público, chorar por motivos considerados relevantes, falar de forma inoportuna e inconveniente, e não ter nenhum "jogo de cintura" no trato social e nas atividades em grupo.

Pois bem, cheguei a conclusão de que tenho que desenvolver minhas habilidades manuais e produzir em casa algo para venda. Então fiz matrícula para um curso de costura, que ainda não começou.

Começará dia 02-06, e alguém poderá estar se perguntando se eu não tenho dificuldade para frequentar, não eu não tenho dificuldade para sala de aula, pois é uma atividade organizada com hora para começar e terminar e com papéis estabelecidos, ou seja tudo que é pré definido fica mais fácil para mim.

O que me dificulta é estar sozinha para desenvolver a atividade em casa sem um roteiro definido, muitas vezes me lembro da Temple Grandim (autista adulta) dizendo que passa mais tempo organizando as coisas na cabeça, fazendo listas do que propriamente executando, é exatamante assim que me sinto, penso muito e executo pouco, e esta luta entre pensar e fazer é extremamente desigual, pois minha mente normalmente vence.

Ter muito pensamento e pouca atitude é quase sempre considerado preguiça, bagunça, desânimo, falta de organização, falta de vontade, etc e um sem fim de atributos não muito fáceis de receber, e principalmente quando esta cobrança vem de mim mesma, eu não sou nenhum pouco tolerante com esta minha dificuldade.

Quase sempre é uma luta perdida, passo horas organizando a simples tarefa de dar banho na minha filha ou preparar uma refeição, passo horas estipulando, organizando, repassando cada passo da tarefa e as vezes levo o dia todo para decidir como lavar uma roupa com textura diferente das outras.

Isto sem falar das influências externas que podem acontecer e alterar meus "planos", uma mudança no clima, um telefonema inesperado, uma convocação para comparecer na escola da Anna, alguém que bate na porta, etc.

No trabalho com artesanato, como sou eu quem decido que peça vou fazer e qual material vou usar, vocês não podem imaginar a infinidade de possibilidades que ficam passando pela minha cabeça sem efetivamente serem executadas.

Eu preciso quebrar esta distância entre pensar e fazer, e quanto mais quero, mais eu penso e menos eu faço e assim fico neste círculo vicioso que me irrita, me angustia e me destrói.

Em breve relatarei a minha primeira aula no curso de corte e costura,

Abraços!

Grace Caroline.

tidymae@hotmail.com

domingo, 16 de maio de 2010

A diferença entre ajuda e tratamento!

Olá!

Estive afastada uns dias para reflexão.

Há algumas semanas eu enviei um e-mail gigantesco para uma pessoa que conheci através do blog, ela é estudante de psicologia e uma estudiosa do Autismo, uma pessoa fantástica, não citarei seu nome por uma questão de ética, não sei se ela gostaria.

Enfim o e-mail era uma queixa enorme pois eu estava sem saber o que fazer para quebrar minha reclusão que se intensificou depois do retorno para minha cidade de origem e a qual passei mais da metade da minha vida e meus piores momentos.

Recebi a resposta da minha amiga querida, e ela dizia uma coisa muito simples, que eu não precisava de ajuda e sim de tratamento, e como eu não tenho acesso a tratamento como milhares de autistas de alto funcionamento no mundo, sabemos que esta é a realidade por enquanto.

Eu li um livro também por indicação desta amiga, o título é "Síndromes Silenciosas" (de John J. Ratey e Catherine Johnson, Ed. Objetiva), onde tive um grande esclarecimento sobre as causas orgânicas de alguns transtornos.

Eu sofro de depressão endógena, também diagnosticada como depressão crônica leve, ou distimia, e fibromialgia(dor crônica), há 20 anos que tento tratar e obviamente me curar, porém antes da minha descoberta do autismo na minha vida, tratar a depressão era como um paliativo, pois traziam melhora mas não eliminavam a causa, que era esta confusão mental que eu não sabia a origem.

Pois bem, eu já havia até comentado aqui no blog que eu não queria mais tomar antidepresivos, porém os remédios para dor era impossível abrir mão.

O comentário da minha amiga estudiosa me colocou de frente com a realidade, eu realmente preciso de tratamento, ela sugeriu que continuasse com minhas pesquisas e leituras sobre o assunto até encontrar algo.

E eu tive uma real vontade de procurar ajuda, como eu não tenho acesso a tratamento para conviver com minha condição autística, eu fui ao posto de saúde e pedi tratamento para minha depressão e retomei o uso da medicação, foi incrível a diferença, antes eu melhorava mas não acalmava o coração e a mente, agora além de melhorar a cabeça eu diminuí quase a zero o uso de analgésicos e anti-inflamatórios.

Sinto que pela primeira vez esta valendo a pena o esforço de me ajudar, vejo a tão sonhada LUZ no fim do túnel cada vez mais próxima.

É incrível a veracidade de frase: Conhece-te a ti mesmo!!
Que tem esta oportunidade, pode mudar o mundo!!O seu próprio mundo!!

Serei eternamente grata pelas amizades que fiz através do blog e que Deus abençoe e proteja a todos sempre!!!

Abração!!
Grace Caroline

tidymae@hotmail.com

sábado, 8 de maio de 2010

Feliz dia das Mães!!

Mae e filha Parabéns a todas as mães do universo!!!
Que Deus abençoe a todas!!
Abraço grande!
Grace e Família.

Os filhos são para as mães as âncoras da sua vida.
(Sófocles)
fre anna 2010 pequena

quarta-feira, 5 de maio de 2010

As consequências da ausência do conhecimento!!

Olá!

Quando eu escrevo textos que descrevem a minha insatisfação comigo mesma, eu fico sempre com a sensação de que não era aquilo que eu tinha que escrever, e desta vez eu entendi o porque.

Eu não quero colocar o autismo como a causa da minha falta de auto estima, o que eu quero contar para todos vocês é o que acontece quando não se sabe a origem das coisas.

As pessoas normalmente não se queimam no fogo porque aprenderam de alguma forma que ele é quente, então ninguém fica em dúvida se em algum momento o fogo pode queimar ou não. Ninguém ultrapassa o sinal vermelho de um semáforo pois sabe o perigo que isto oferece.

Ninguém perde horas intermináveis pensando se o fogo é quente ou se o sinal vermelho pode estar informando outra coisa que não o alerta para parar. Fazer isto seria no mínimo constrangedor, mas é mais que isto, é estressante, é cansativo, é perturbador, cansa, aborrece, irrita e muitas vezes impossibilita.

Então imaginem o que seria se alguém nunca conseguisse assimilar que o fogo é quente, pois é assim que eu me sinto, eu nunca consigo assimilar quando eu tenho que falar ou calar, quando é hora de ir embora ou quando é hora de ficar.

Eu até aprendi as convenções e regras, porém isso me fez ter certeza de que eu não possuía capacidade para segui-las, ou seja eu sempre tive certeza de que estava indo contra o que se esperava, tinha consciência mas não conseguia alterar a maneira de agir.

A inabilidade para enfrentar o mundo acabou com minha auto imagem e isto foi a comprovação da minha incompetência para ser apta socialmente.

Hoje eu tento resgatar o meu respeito por mim mesma, após a descoberta do autismo, desta falta de aptidão para me relacionar, eu tento me perdoar a cada crise de desespero quando percebo que mais uma vez estou me comportando de forma infantilizada ou inadequada.

Acredito que continuo no começo do fim deste período de "cegueira" de mim mesma.

Este vídeo é muito interessante e eu acredito muito que somos o que pensamos!



Abraço grande e até a próxima!
Grace Caroline

tidymae@hotmail.com

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Inteligência emocional


"...O ciclo do autismo é extremamente frustrante para os pais e para os seres amados, claro, pois o que parece "melhora" ou "aprendizado" com muita freqüência revela-se apenas o ponto alto de uma montanha-russa de onde não se pode sair."

"...Há uma coisa chave no autismo. O que quer que aconteça na sinapse química daquele dia, não é aprendizado de uma experiência passada."

"..Referimo-nos a aptidões sociais como se a delicadeza fosse de fácil aquisição e uma simples aptidão, como andar de bicicleta ou dirigir um carro, que qualquer pessoa de razoável estrutura pode logo aprender."

"...A leitura mental(os britânicos chamam esta capacidade de mentalização) é um talento fundamental comum em todos os cérebros normais. Temos de ler continuamente a mente dos outros para funcionarmos como seres sociais: para saber quando são ou não receptivos, se gostam ou não de nós, se são amigos ou inimigos."

(Trechos extraídos de: John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas, p.235 Ed. Objetiva)


Segundo os autores do livro acima citado, nós autistas mesmo sendo de extremo alto funcionamento não fazemos esta "leitura mental", chamam de "cegueira mental", ou seja o autista não aprende estas habilidades sociais, pode até ser treinado, mas provavelmente o que ficar fora do treino vai ser de forma inadequada para os padrões.

Não conseguimos identificar nas pessoas nenhuma informação que nos faça interagir de forma a satisfazer nossas necessidades, sempre sofremos profunda frustração ao nos relacionarmos, seja com a resposta que recebemos ou com a resposta que damos, pois quase sempre esta resposta é inadequada e esta cegueira nos impede de perceber e isto nos deixa sem chão.

Não conseguimos sequer saber quando nos dão a deixa para falar em uma conversa.

Hoje eu passei mais um vexame, ao falar para uma pessoa exatamente o que eu pensava e eu sabia que a minha opinião poderia não agradar e mesmo assim eu não consegui evitar.

Que sensação desesperadora, eu tive vontade de morrer, afinal tenho 38 anos e acabo me comportando como uma menina de 4 anos que diz tudo que pensa.

Isso sempre acontece quando a conversa envolve opiniões próprias e sentimentos, aí podem ter certeza a "desgraça" é certa!!!

Me dá uma vontade de sumir, de nunca mais ter que falar pessoalmente com ninguém.

Posso obter quase todo tipo de conhecimento, desenvolvo múltiplos talentos, mais eu não possuo inteligência emocional, eu não tenho a capacidade de reconhecer meus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

Sei que muita gente pode até discordar disto, mas infelizmente isto não é a minha opinião, é a minha condição.

E posso afirmar que eu luto diariamente para obter qualquer noção que seja desta inteligência emocional tão sonhada, inclusive escrever este blog é uma das coisas que estou fazendo para sair deste meu mundo as vezes muito frio e solitário, é um mundo do Bem pois é quase impossível encontrar mentira, trapaça e enganação por aqui, porém me falta a leveza, parafraseando Milan Kundera me falta a "Insustentável leveza do ser".

O contato verbal e pessoal para mim é muito difícil e doloroso, é que por eu ser "verbal", eu falo demais e isso me envergonha, eu fico sempre "monologando" isto me aborrece e me expõe.

Eu me sinto como se fosse aquela pessoa que tem o vício do jogo, e que promete não apostar mais e quando sai com dinheiro a primeira coisa que faz é apostar, e depois ter a certeza de que aqueles minutos não voltam mais, que aquele dinheiro não volta mais, ou que aquelas palavras ditas de forma impulsiva não voltam mais para dentro da minha boca.

Eu sempre acredito que na próxima vez eu vou conseguir falar a coisa certa.
E sempre falo a coisa errada.
E quando me calo também é na hora errada.

Enquanto ainda disponho da forma escrita eu continuarei tentando.

Abraços e fiquem com Deus!

tidymae@hotmail.com

Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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