"...é concebível que acabemos descobrindo mais e não menos mulheres autistas, assim que examinarmos melhor; talvez a célebre vantagem feminina na linguagem e inteligência social proteja algumas mulheres, nascidas com a herança genética do autismo, excluindo-as da categoria diagnosticável de "autismo de alto funcionamento" e incluindo-as na forma disfarçada e não manifesta do distúrbio.(...)" (John J. Ratey e Catherine Johnson, no livro "Síndromes Silenciosas", p.235 Ed. Objetiva)
"A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Elos refeitos, compromissos resgatados

Olá!

Hoje pela manhã eu compareci a consulta com a médica psiquiatra, consulta esta que foi solicitada pela psicóloga que me atendeu na primeira vez e ela é responsável pela triagem, como eu faço uso de medicação se fez necessária a avaliação da médica.

Uma coisa que me fez acreditar nesta consulta foi a afirmação feita pela psicóloga de que desta vez o tratamento iria dar certo, e que eu precisava cuidar de mim!!

A médica psiquiatra me perguntou qual era a minha queixa, eu disse que estava com um cansaço físico muito grande, desânimo, falei que na maioria do tempo eu estou prostrada em estado de profundo abatimento, e que sinto muita dor muscular. Ela me mandou contar um pouco sobre como eu fiquei assim, e qual medicação eu tomava.

Eu expliquei e ela respondeu que o tempo dela era curto, que ela não poderia trocar minha medicação antes de eu estar tomando mais de um ano, e disse que provavelmente eu tinha sido mal "triada"(entendi que era sobre a triagem que a psicóloga fez), e que provavelmente meu caso não seria para frequentar o CAPS, pois aqui nesta cidade este orgão atende somente pacientes com transtornos mentais severos, como eu já previa.

A funcionária responsável pela marcação da consulta, marcou o retorno com a psicóloga para amanhã(terça-feira) e com a psiquiatra para daqui a dois meses pois é assim que funciona.

Penso eu que a psicóloga por mais atenciosa e capaz que seja, não conseguirá me manter no programa, pois segundo a médica eu terei que freqüentar grupos com transtornos mentais que não tem haver com meu problema.

Vou amanhã falar com a psicóloga, pois ela foi muito atenciosa comigo, e eu preciso encerrar mais esta tentativa, que para mim não foi de toda perdida, meu marido estava junto e presenciou a frieza da consulta e o meu constrangimento, e isto serviu para nos aproximar muito, refazer alguns elos, resgatar alguns compromissos.

Continuamos aprendendo fazer limonadas ótimas com os limões que a vida nos dá!!!!Muito justa a providência divina!!!

Amanhã mesmo continuarei este relato, para contar o desfecho com a psicóloga.

Farei agora uma singela homenagem ao meu marido, o papai Anderson...


Nos braços de um anjo


"...Passar todo seu tempo esperando, por aquela segunda chance, por uma oportunidade que deixaria tudo bem...
Sempre há um motivo para não se sentir bem o suficiente.
E é difícil no fim do dia.
Eu preciso de alguma distração,
Oh! Belo descanso
A lembrança vaza das minha veias...
Deixe-me ficar vazia...
E sem peso...
e talvez eu encontrarei alguma paz esta noite.

Nos braços de um anjo..."




( Trechos de "Nos braços de um anjo", uma canção de Sara McLachlan).


Mensagem implícita com em sentimento explícito!!! Para você meu amor!!!


Abraço grande a todos os leitores deste blog que me acompanham e obrigada por todas as palavras de incentivo, pois sempre acabamos aqui nestes relatos tão importantes para mim, nesta troca bendita que faz prosseguir!!!


Que Deus abençoe a todos!!
Grace Caroline.

2 comentários:

  1. É, essa é a vida: devemos tirar coisas boas dos obstáculos que aparecem no nosso caminho...

    Me inspirei na forma linda como declarou seu amor para seu marido e resolvi deixar uma frase do Fernando Pessoa pra você que acho que você conhece mas vale a pena reler e reler e reler todo dia...

    "Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

    Grace, de acordo com o espiritismo ainda não evoluimos sem a dor... pense nisso! Você está evoluindo e um dia vai colher todos os frutos... ou melhor, está colhendo todos os dias com certeza!

    beijos

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  2. Que bom que você está olhando o lado bom de tudo, isso é sinal de evolução... ah se todo mundo pensasse como você e tentasse extrair ao menos algo de bom, mesmo nos problemas. Se serviu para te aproximar do marido, ótimo! Bela homenagem a ele, lado a lado sei que vocês conquistarão muuuuitas coisas: crescimento espiritual, melhoras da filhota, alegria pra família e PAZ!

    Gostei do desabafo, gostei de você lutando pra se ver melhor, mais feliz. Quando a gente tem dó da gente mesma, a gente vai pro fundo do poço e você não: fez um blog, fez amizades, procura terapias, médicos, dá depoimentos e se ajuda demais e além de tudo, me ajuda e ajuda muitos leitores! Parabéns! Beijo na filhota!

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Autismo de alto funcionamento:

"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.

Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.

Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."

(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)

Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":

"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.

Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.

Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".

Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.

Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.

Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.

Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.

É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


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