Relatos dedicados a pessoas que se descobriram ou foram diagnosticadas como portadoras do Espectro Autista, que também podem ser chamadas de Aspies, autistas de alto funcionamento, autistas verbais, portadoras de autismo leve,ter sombra ou traços de autismo, ecos autísticos, mas a realidade é que todos estão no espectro autista, o transtorno continua sendo na comunicação, na socialização e na imaginação...só que cada ser humano é um "universo" então cada um se manifesta do seu jeito!!
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terça-feira, 9 de março de 2010
Relacionar-se amorosamente...sendo autista ou com um autista: A história do meu casamento!
Ele com uma filha sendo criada pela mãe dele e eu com um filho sendo criado pela minha mãe.
Nós dois nos identificávamos muito, mas hoje sabemos que estas "semelhanças" todas são as características de um Asperger e uma autista de alto funcionamento e verbal.
Meu marido tem um auto controle que eu gostaria de adquirir, e ele diz que eu tenho uma facilidade maior para demonstrar o que sinto, estas são nossas "diferenças" e o que nos une são elas.
O que me destrói e deprime é que eu me expus muito por toda minha vida, errei muitas vezes, morei em várias cidades, fui embora sem a coragem de retornar nem para visitar tamanha era a minha falta de capacidade de me relacionar.
Pelo que eu percebo os Aspergers são mais controlados, apesar também de saber que cada ser humano é realmente um universo, exemplo disso é uma informação que a terapeuta da escola especial que a minha filha freqüenta me passou, ela é a única criança autista da escola que não suporta reunir-se com grandes grupos em eventos coletivos, característica esta que suponho que ela tenha herdado de mim, pois eu não consigo estar em desfiles de rua, não gosto de shows ao ar livre com multidões, das festas de fim de ano com a família toda reunida, se eu participo quase sempre me arrependo pois sempre dou vexame.
Eu sinto que "quase sempre", quando tento me aproximar do meu marido, pois eu sou muito falante e como todo autista, eu muitas vezes foco demais num assunto e sou insistente e repetitiva e eu sei que isso é INSUPORTÁVEL pra ele, mas como temos aquele "pacto" inicial de irmos até o fim, vamos enfrentando, agora depois do diagnóstico da minha filha e da nossa descoberta, está mais digno o relacionamento, antes nós pensamos inúmeras vezes em nos separar.
E é por isso tudo que eu posso dizer que para dar certo um relacionamento afetivo com um autista é preciso muita sinceridade e coragem, se não for possível a princípio contar sobre sua característica, aos poucos vc deveria ir expondo sua maneira de ser, para que a pessoa que você quer se relacionar não se afaste por achar que só te incomoda ou achar que sempre está invadindo seu espaço, pois eu até hoje acho que a maioria da vezes estou incomodando meu marido com meus
"ismos"(comportamentos repetitivos do autista ), o "ismo" que eu tenho que mais incomoda meu marido Asperger é falar muito a mesma coisa e querer que ele me responda sempre!rsrs
Bom, a minha intenção é de dividir tudo isso com vocês é tentar ajudar alguém que possa estar interessado em se relacionar com um membro da nação autista, ou algum autista que esteja querendo se aproximar de alguém!
Boa sorte a todos!
Abraço!
tidymae@hotmail.com
Autismo de alto funcionamento:
"Eu gostaria de acentuar que chamar este transtorno de autismo de alto funcionamento, é inadequado porque o termo sugere que o autismo é de alto funcionamento, que o autismo é leve, quando na verdade o que você está querendo é denominar uma pessoa de alto funcionamento com autismo.
Então, essa pessoa pode ter um bom QI ou uma boa compreensão verbal ou uma boa expressão verbal, mas seu autismo é normalmente tão grave quanto o de uma pessoa descrita com autismo de baixo funcionamento.
Então, por favor: usem alto funcionamento para a pessoa, não para o autismo, de maneira a permitir uma compreensão mais profunda de quão grave o autismo pode ser, mesmo para alguém com Síndrome de Asperger..."
(Dr. Christopher Gillberg, em out/2005 no auditório do InCor em SP)
Dr. Simon Baron-Cohen, diz no seu livro "Diferença essencial: a verdade sobre o cérebro de homens e mulheres.":
"...Dirijo uma clínica em Cambridge para adultos com suspeita de serem portadores da síndome de Asperger. Esses indivíduos não tiveram os problemas detectados na família nem na escola enquanto ainda eram crianças.
Assim, atravessaram a infância e a adolescência aos trancos e barrancos, e chegaram à idade adulta acumulando dificuldades, até serem encaminhados à nossa clínica, desesperados pela falta de integração, por se sentirem diferentes.
Na maioria dos casos, esses paciente sofrem também de depressão clínica, já que não encontram um ambiente, em termos de trabalho e de companheiro(a), que os aceite em sua diferença. Querem ser eles mesmos, mas são forçados a "vestir" um personagem, tentando desesperadamente não ofender, dizendo ou fazendo a coisa errada, e ainda assim, sem saber quando vão receber uma reação negativa ou ser considerados" seres estranhos".
Muitos deles se esforçam em administrar um enorme conjunto de regras relativas ao comportamento em cada situação, e consultam de minuto a minuto uma espécie de tabela mental, buscando o que dizer e o que fazer. É como se tentassem escrever um manual de interação social baseado em regras de causa e efeito, ou como se quisessem sistematizar o comportamento social, quando a abordagem natural à socialização deve ser através da empatia.
Imaginem um livro bem grosso de etiqueta sobre como agir em jantares,...mas escrito em detalhes, para cobrir todas as eventualidades do discurso social.
Claro que é impossível aprender tudo, e embora alguns desses indivíduos brilhantemente quase consigam, acabam fisicamente exaustos. Quando chegam em casa depois do trabalho, onde fingiram interagir normalmente com os colegas, a última coisa que querem é socializar. Só pensam em fechar a porta do mundo e dizer as palavras ou praticar as ações que tiveram de reprimir o dia todo.
Gostariam que os outros dissessem o que pensam e que eles pudessem fazer o mesmo; não entendem porque não podem.
É difícil para eles compreender como uma palavra sincera pode ofender ou causar problemas sociais."...
POEMA EM LINHA RETA
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)
Publicações do blog (arquivo):
- Apresentação (Início)
- Capítulo..001( Autismo não é raro)
- Capítulo..002(EMPATIA uma preciosa ferramenta)
- Capítulo..003( Aceitar-se)
- Capítulo..004( Aceitar-se 2)
- Capítulo..005(O delicado equilíbrio)
- Capítulo..006( Estou cansada)
- Capítulo..007( A leitura que me libertou)
- Capítulo..008( Não ter opção)
- Capítulo..009( atitudes que não consigo ter)
- Capítulo..010( Relacionar-se amorosamente)
- Capítulo..011( O autismo de alto funcionamento )
- Capítulo..012( Em crise)
- Capítulo..013( Enfrentando a realidade)
- Capítulo..014( Mais mudanças...)
- Capítulo..015( Referências)
- Capítulo..016( Só por hoje...)
- Capítulo..017(Cultivar o jardim VALE DO AMANHECER)
- Capítulo..018( Reencontro com meu filho e a nova separação)
- Capítulo..019(Eu e minha filha Parte 1)
- Capítulo..020( DESCONCERTANTE)
- Capítulo..021( Reencontro ou outra despedida)
- Capítulo..022( No meu coração vai sempre estar...)
- Capítulo..023( Identidade revelada)
- Capítulo..024( A diversidade da Nação Autista)
- Capítulo..025(Qual é a vantagem de ser alto funcionamento )
- Capítulo..026( Um Blog para minha filha)
- Capítulo..027( E as meninas)
- Capítulo..028(A minha rotina)
- Capítulo..029( Clarice Lispector)
- Capítulo..030(Quem podemos ser)
- Capítulo..031(Inteligência emocional)
- Capítulo..032(As consequências da ausência do conhecimento)
- Capítulo..033( A diferença entre ajuda e tratamento )
- Capítulo..034 ( Pensar e fazer)
- Capítulo..035( Longo e tenebroso inverno)
- Capítulo..036 ( Insight)
- Capítulo..037 ( Insight II: zona de conforto e o transtorno invasivo
- Capítulo..038 ( trabalhos costura)
- Capítulo..039 (um convite especial)
- Capítulo..040 ( Meu relato na APAE)
- Capítulo..041 ( Aventuras de julho 2010)
- Capítulo..042( Nevou em Curitibanos)
- Capítulo..043(Momentos especiais da minha vida)
- Capítulo..044(Humanos... Na visão do Frederico)
- Capítulo..045 ( Novamente em busca de tratamento médico para as seqüelas de mais de três décadas sem diagnóstico E um depoimento emocionante de uma leitora
- Capítulo..046( E quando o autismo se manifesta de forma mascarada)
- Capítulo..047( Elos refeitos)
- Capítulo..048(Vejo luz no fim do túnel)
- Capítulo..049(O motivo)
- Capítulo..050(O modo correto)
- Capítulo..051(A alma dos diferentes)
- Capítulo..052(Dia especial)
- Capítulo..053(Espiritualidade)
- Capítulo..054(Refém de mim mesma)
- Capítulo..055(O nosso livre arbítrio)
- Capítulo..056(Tradução de mim mesma)
- Capítulo..057( Novidades)
- Capítulo..058( Como adquirir o verniz social)
- Capítulo..059( Como eu descobri)
- Capítulo..060(Nossa entrevista no jornal da cidade)
- Capítulo..061 (Amadurecer emocionalmente antes tarde do que nunca)
- Capítulo..062(Exaustão íntima)
- Capítulo..063(Perspectivas)
- Capítulo..064(Quase um ano deopois)
- Capítulo..069(Rótulos e diagnósticos)
- Capítulo..65 ( Vida nova! )
- Capítulo..66 ( Meus filhos )
- Capítulo..67 (Novo DSM V
- Capítulo..68 ( Caso similar ao meu...me fez voltar ao blog! )
- desabafo!!!)
Seus depoimentos são muito importantes!
ResponderExcluirPor favor nao pare de dividir suas experiências!
Ficom me perguntando se é assim que as crianças que eu atendo se sentem mas não conseguem compartilhar!
Será que você poderia falar um pouco mais da sua infância.
Quem sabe através do seus olhos eu possa compreendê-las...
Muito obrigada!!
ADOREI O SEU BLOG, TENHO UMA LINDA FILHA DE 7 ANOS AUTISTA QUE FAZ MUITAS PERGUNTAS E FALA MUITO COM ESTRANHOS. VOCÊ FALAVA COM ESTRANHOS TAMBÉM? ESTE COMPORTAMENTO PODE MUDAR?
ResponderExcluirELA AINDA NÃO APRENDEU A LER E ESCREVE O SEU NOME, DEVE TER ALGUM ATRASO MENTAL. A FONO DE MINHA FILHA DISSE QUE ELA PRECISA DE MEDICAÇÃO PARA AJUDAR NA ATENÇÃO E AJUDAR EM SUA ALFABETIZAÇÃO. SERÁ QUE É NECESSÁRIO MESMO? NOS ASSUNTOS DE SEU INTERESSES TEM UM GRANDE PODER DE CONCENTRAÇÃO.
ADRIANA
E.mail: adrianapnc@oi.com.br
Muito bom!!sou asperger e nunca consegui contatar pessoas na minha idade com a síndrome,só vejo falar em crianças... mas elas crescem e não mudam muito não, eu particularmente piorei e só em 2008 é que descobri essa disfunção, lógico a minha vida já era um caos. meu irmaão mais velho tb tem a síndrome, mas coitado é considerado louco, até pela família; eles generalizam os problemas mentais, e isso não nos ajuda em nada.tb nasci em 71, mudei milhões de vezes para milhoes de lugares, sofri muitas perdas, hoje eu tento me perdoar, mas sempre me encontro remoendo erros bobos, gafes constrangedoras, verdades óbvias que não me dava conta etc; e esforço muito para ser o mais normal possível.bjs
ResponderExcluirmeu marido e muito calado,ele conversa muito pouco,e não olhar no olho,começou trabalhar com 28 anos,e ja mudou de unidade no trbalho 3x e as pessoas não gostam dele,não tem amigo,passa o maior tempo de folga na internet so site de disco,tem um quarto cheio de disco,por favor me ajude ele pode sindrome de asperger.
ResponderExcluirO comentário está anônimo por isso não posso responder, se quiser pode me enviar um e-mail: tidymae@hotmail.com
ResponderExcluirAbraço!
Boa tarde Grace. Achei seu blog agora, por acaso, procurando pela questão apresentada na novela e ME CHOQUEI! Li a aba do blog, vi as perguntas, tudo q vc escreveu e me surpreendi, pois a maioria dos comportamentos apresentados, e as respostas às perguntas da pesquisa é SIM. Sempre me senti esquisita (e fui reconhecida e tratada assim pelos outros, familia inclusive). Tenho problemas de comun icação e socialização desde criança e nas festas familiares (a começar pelo natal que não suporto e me dá panico) até o meu aniversario de 15 anoso, que eu travei e não consegui nem agradecer a minha prima que fez todos os enfeites e arranjos da festa, até o enterro do meu pai, e por aí vai, minha formatura, casamento da minha filha, etc. Estou preocupada, será que aos 58 anos vou descobrir que estou no espectro autista? Rita
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